Venina Velosa: no período em que ela integrou o conselho, a subsidiária assumiu os contratos bilionários da obra que eram responsabilidade da Petrobras (Reprodução/TV GLOBO)
Da Redação
Publicado em 26 de dezembro de 2014 às 09h43.
São Paulo - A ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca - que afirma ter alertado o comando da empresa de irregularidades em contratos - foi uma das três integrantes do Conselho de Administração da companhia criada em março de 2008 para administrar a bilionária obra da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, alvo central da Operação Lava Jato, que desmantelou o maior esquema de corrupção e propina na estatal.
Entre 7 de março de 2008 e 21 de junho de 2009, Venina foi um dos três membros do Conselho de Administração da Refinaria Abreu e Lima S.A. Em reuniões na sede da Petrobras, no Rio, estiveram presentes nas deliberações das 19 atas do conselho o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, que era o presidente, e os membros Venina e José Carlos Cosenza (atual diretor de Abastecimento).
O levantamento foi feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com base em 70 atas - de um total de 123 - do conselho da época em que era presidido por Costa, entre março de 2008 e janeiro de 2012.
Durante o período em que Venina integrou o conselho, a subsidiária da estatal assumiu os contratos bilionários da obra que eram responsabilidade da Petrobras, abriu concorrências com convite para empresas do cartel alvo da Lava Jato, assumiu o contrato que previa pagamento de R$ 4,2 milhões a Companhia Pernambucana de Saneamento de Pernambuco (Compesa) para serviços de realocação de adutoras de água.
A companhia de água é uma estatal do governo de Pernambuco, que tinha como governador o candidato à Presidência do PSB Eduardo Campos, morto em acidente de avião em agosto. Segundo Costa apontou em sua delação, Campos foi um dos beneficiários das propinas pagas do esquema que cobrava de 1% a 3% nos contratos da Petrobrás.
Iniciada em 2008, quando Costa assumiu a presidência do conselho, a obra da Refinaria Abreu e Lima tinha custo inicial estimado em R$ 2 bilhões; hoje, já consumiu mais de R$ 20 bilhões, sem ter sido concluída.
O Tribunal de Contas da União contabilizou superfaturamento em duas frentes de apuração: obras de terraplanagem (R$ 70 milhões) e cláusulas contratuais de reajuste (R$ 367 milhões).
Defesa
O advogado Ubiratan Mattos, que defende Venina Velosa, disse que ela não teve qualquer influência "nas licitações, nem nos contratos nem na execução das obras" da Refinaria Abreu e Lima. Segunda ele, os contratos eram constantemente auditados. A defesa alegou que todos os contratos da Abreu e Lima foram responsabilidade da Diretoria de Serviços e da Gerência de Engenharia.