Opositores venezuelanos protestam em Caracas: estudantes pediram também que governo Dilma Rousseff condene a repressão aos protestos na Venezuela (Geraldo Caso/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2014 às 19h13.
Brasília - Três estudantes venezuelanos foram nesta quarta-feira, 7, à Câmara dos Deputados, em Brasília, denunciar "violações" de direitos humanos pelo governo de Nicolás Maduro.
Eusebio Costa (22 anos), Gabriel Lugo (23) e Vicente D'Arago (19) acusaram o governo da Venezuela de se valer da violência de grupos paramilitares na repressão a opositores do regime, além de assassinatos, torturas e de censura aos meios de comunicação.
"Representamos a voz de milhões de venezuelanos que pedem liberdade", disse Lugo, que é estudante de arquitetura. Ele afirmou que a atual situação do país sul-americano não configura um estado de democrático direito.
"Se não querem chamar (o regime) de ditadura, tudo bem. Mas não o chamem de democracia", disse.
Os três relataram ter participado de reuniões com estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) no início desta semana e que a passagem de Caracas à capital paulista foi custeada por um grupo de estudantes venezuelanos.
Eles alegaram que, embora peçam a saída de Maduro da presidência venezuelana, não representam partidos políticos e que tampouco defendem nomes da oposição.
Em São Paulo, foram abordados por pessoas ligadas ao pré-candidato ao Palácio do Planalto Pastor Everaldo, do PSC, legenda que arcou com as despesas do deslocamento do trio a Brasília.
Os três estudantes foram levados por parlamentares e funcionários do PSC a comissões e tiveram um rápido encontro com o presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). No final desta tarde, devem tentar falar também com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Enquanto estavam sendo conduzidos pelo Congresso pela comitiva do PSC, os estudantes disseram esperar um posicionamento do Legislativo brasileiro sobre a situação vivida no país e pediram que as autoridades brasileiras não façam "vista grossa" diante a crise venezuelana.
Pediram também que governo Dilma Rousseff condene a repressão aos protestos na Venezuela, alegando que o Brasil não pode ficar "indiferente à opressão".
Eles chegaram a ser ouvidos em uma audiência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e devem a voltar à Venezuela no próximo sábado. Antes, dizem que farão novas reuniões com estudantes da USP, em São Paulo.
Maduro é o sucessor do líder venezuelano Hugo Chávez, morto em 2013. Ele venceu as eleições convocadas naquele ano, mas desde então enfrenta críticas por problemas como a inflação e o desabastecimento de produtos básicos, cenário que impulsionou protestos violentos nas ruas do país.