Catedral da Sé: durante o período do funeral, serão feitas missas a cada duas horas (Mario Tama/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 14 de dezembro de 2016 às 21h17.
O velório do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, morto no final da manhã de hoje (14), começou por volta das 20h na Catedral Metropolitana de São Paulo, na Sé, região central da cidade.
Em procissão solene, o corpo de Arns foi recebido sob aplausos na catedral, onde uma missa de corpo presente, celebrada pelo arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, teve início às 20h20.
O velório de dom Paulo se estenderá até aproximadamente às 15h de sexta-feira (16), quando seu corpo será sepultado na cripta da catedral.
Durante o período do funeral, serão feitas missas a cada duas horas. Dom Paulo tinha 95 anos de idade, 71 de sacerdócio e 76 de vida franciscana. Ele era cardeal desde 1973 e foi arcebispo metropolitano de São Paulo entre 1970 e 1998.
"Somos responsáveis pelo legado de dom Paulo. E, nesse momento, o silêncio de dom Paulo é eloquente no Brasil que se desmancha, que é corroído pela corrupção, pela violência e por tantas coisas. O legado de dom Paulo deveria de ser nesse momento um chamamento à humanização da vida, à superação de todos os desafios que nós estamos vivendo", disse o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua.
Lancelotti lembrou ainda que Dom Evaristo sempre esteve ao lado dos trabalhadores e dos moradores de rua.
"Sem dúvida, neste momento, dom Paulo estará ao lado dos trabalhadores, dos aposentados, dos moradores de rua, das crianças abandonadas, das pessoas sem condições de vida e de saúde. Dom Paulo é um legado de um Brasil que seja humano".
O ex-secretário de Estado de Direitos Humanos, no governo Fernando Henrique Cardoso, e um dos membros da Comissão Nacional da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro, destacou que o dom Evaristo foi fundamental para a consolidação dos direitos humanos no Brasil.
"Acho que ele foi um personagem chave que permitiu que se progredisse em uma política de estado de direitos humanos, desde o presidente Sarney até a presidenta Dilma", disse.
No entanto, segundo Pinheiro, seu legado não tem sido preservado. "O primeiro ato desse governo foi o desmantelamento de tudo que se construiu na esteira do pensamento de dom Paulo: o Ministério dos Direitos Humanos, a Secretaria da Igualdade Racial, a Secretaria dos Direitos das Mulheres e todos os conselhos", disse.