Jovair Arantes: lobistas alegavam proximidade com o deputado, que foi presidente da comissão do impeachment de Dilma Rousseff (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Luiza Calegari
Publicado em 2 de março de 2018 às 14h09.
São Paulo – O PTB já foi pivô do escândalo do mensalão no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e agora, segundo indicam novas denúncias divulgadas pela revista VEJA, deve manchar um pouco mais o governo de Michel Temer.
A revista reproduziu, na edição que chega às bancas nesta sexta-feira (2), uma conversa gravada por um empresário com dois lobistas, que cobravam propina de 4 milhões de reais para liberar um registro de atividade profissional no Ministério do Trabalho, que está nas mãos do PTB.
Os lobistas afirmam ser ligados ao deputado federal Jovair Arantes (PTB), que foi presidente da comissão do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara.
Verusca Peixoto, uma das lobistas, foi procurada pela reportagem e, surpreendentemente, admitiu o esquema: “se você não paga, não sai”.
O empresário que gravou a conversa é o gaúcho Afonso Rodrigues de Carvalho, que tem uma pequena transportadora em Goiás e é presidente de um sindicato, o Sintrave.
Ele estava tentando, desde 2012, obter autorização para que o sindicato operasse legalmente, mas até então não tinha conseguido. No ano passado, soube pelo seu advogado de pessoas que poderiam ajuda-lo: eram os lobistas.
Desconfiado, Carvalho gravou o encontro pelo celular e procurou a Polícia Federal. A PF orientou o empresário a manter o contato e passou a monitora-los. Os lobistas pediram 4 milhões de reais para pagar propinas ao pessoal técnico e político do Ministério do Trabalho.
O Ministério do Trabalho é um feudo do PTB: as indicações pertencem ao partido, e essa foi a causa do imbróglio envolvendo Cristiane Brasil, a filha de Roberto Jefferson, que foi impedida de tomar posse pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Para a PF, o Solidariedade, outro partido da base de Temer, também participava do esquema, já que os registros sindicais são de responsabilidade de Carlos Cavalcante de Lacerda, indicado por Paulinho da Força (que é do Solidariedade).
Exceto pela lobista, Verusca Peixoto, todos os outros envolvidos citados pela reportagem de VEJA negaram as irregularidades.