Rio de Janeiro: uso de máscara e distância mínima de 2 metros entre frequentadores estão entre as regras (Pilar Olivares/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 26 de maio de 2020 às 10h36.
Disponibilizar álcool gel 70% para os fiéis, garantir distância mínima de 2 metros entre frequentadores, inclusive garantindo esse espaçamento ao dispor o mobiliário, e só permitir acesso e permanência se a pessoa estiver usando máscara. Com essas regras e outras, o prefeito Marcelo Crivella publicou ontem um decreto em edição extra no Diário Oficial incluindo igrejas e outros templos religiosos entre as atividades que não têm restrição para funcionamento na cidade.
Missas, cultos e atividades externas deverão seguir essas orientações. O decreto não proíbe a presença de idosos nem pessoas com comorbidades, mas diz que pessoas com 60 anos ou mais, que tenham diabetes, câncer e outras doenças devem “dar preferência” a cultos online.
Em sua decisão, Crivella citou o decreto que o presidente Jair Bolsonaro editou em março, incluindo as instituições religiosas entre as atividades essenciais. O prefeito também justificou a medida afirmando que “as instituições religiosas têm sofrido interferências e embaraços indevidos em seu funcionamento, praticados por ações equivocadas dos agentes públicos” e que “cabe à prefeitura a autorização para a expedição de alvarás de templos religiosos”.
No governo do estado, os decretos do governador Wilson Witzel sobre isolamento social não proibiram igrejas de forma explícita. No entanto, há o entendimento do Palácio Guanabara que aglomerações de todo tipo estão proibidas, inclusive em templos religiosos.
Em relação às escolas, ainda não há um cronograma de reabertura. Empresários chegaram a apresentar uma proposta para que reabrissem já no dia 1º, o que não vai acontecer.
A prefeitura ainda não estabeleceu quando outros setores serão reabertos. O decreto com fechamento de diversas atividades vence no próximo domingo, e a prorrogação ainda vai ser decidida pelo comitê científico. Mas o prefeito adiantou que os primeiros serviços liberados deverão ser lojas de automóveis, de venda de imóveis e academias.
As restrições começaram no último dia 12 e têm sido prorrogadas semanalmente. Nos próximos dias, a Secretaria Municipal de Saúde começa a publicar protocolos de orientação para os setores se prepararem, mas ainda não há data para a abertura.
A decisão de Crivella de liberar atividades em templos religiosos vai contra o que o comitê científico, convocado pela prefeitura, havia recomendado no sábado. Dois médicos que estiveram no encontro com o prefeito afirmaram ao EXTRA que ficaram “surpresos” ao terem conhecimento do novo decreto.
O presidente do Cremerj, Sylvio Prozano, e o professor de Medicina Preventiva da UFRJ Celso Ramos explicaram que o comitê recomendou a continuidade das proibições de eventos que causam aglomerações, e o caso da igreja foi usado como exemplo.
"O anúncio de hoje (ontem) me surpreende. (Tivemos um) esforço danado no sábado para evitar isso", disse Prozano.
O comitê é formado por especialistas, como médicos, epidemiologistas, economistas e matemáticos, além de Crivella e integrantes da prefeitura.
Celso Ramos disse que citou o exemplo de uma pequena cidade nos EUA em que, no início de maio, duas pessoas com coronavírus participaram de missa, o que acabou contagiando 35 das 92 pessoas presentes, e três morreram. Depois, outras 26 pessoas da cidade de contagiaram e mais uma veio a óbito.