Brasil

Varejo teme impacto da pirataria em vendas para Copa

São Paulo - A Copa do Mundo de futebol é uma oportunidade para crescimento das vendas em alguns setores do varejo, em especial nos de artigos esportivos e brindes. O problema é que, especialmente nesses setores, há uma concorrência que não é desprezível: a dos vendedores ambulantes irregulares que trabalham com produtos piratas. "Realmente (a […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 12h28.

São Paulo - A Copa do Mundo de futebol é uma oportunidade para crescimento das vendas em alguns setores do varejo, em especial nos de artigos esportivos e brindes. O problema é que, especialmente nesses setores, há uma concorrência que não é desprezível: a dos vendedores ambulantes irregulares que trabalham com produtos piratas.

"Realmente (a pirataria) atrapalha bastante as nossas vendas. Mas eu não posso culpar os consumidores, já que as camisas oficiais de times de futebol são muito caras", lamenta Rene Djkeim, diretor da Associação Brasileira dos Lojistas de Equipamentos e Materiais Esportivos (Abraleme).

Cerca de 91,7% das pessoas que compram produtos ilegais são atraídas justamente pelo preço mais baixo, segundo estudo de setembro do ano passado feito pela Felisoni Consultores Associados. A maioria (59,9%) admite não se importar em alguma escala com o fato de os produtos serem falsos ou cópias. "Como na Copa tem uma maior intensidade de ambulantes, há um impacto nas vendas", atesta o professor Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Conselho do Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), e sócio da Felisoni Consultores.

"Uma camisa oficial custa 45% de um salário mínimo aqui, e essa parcela não chega a 5% nos outros países", atesta o diretor da Abraleme. "E se o sujeito falsificar um dólar, ele pode pegar 20 anos de cadeia. Falsificar camisa não dá punição nenhuma", reclama.


O setor de lojas populares, que tem no preço baixo de seus produtos um dos maiores atrativos, acaba sofrendo diretamente com a concorrência dos produtos falsificados. "Só atrapalha menos porque os nossos lojistas têm um poder de compra muito grande e podem repassar os preços baixos aos consumidores ou revendedores", conta Alexandre Navarro, diretor da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco).

Ele destaca ainda a Operação Delegada, realizada desde dezembro do ano passado pela Polícia Militar e pela Prefeitura de São Paulo, para combater o comércio irregular, retirando ambulantes ilegais da região da 25 de Março.

Mercado de trabalho
O aumento do número de ambulantes também provoca um impacto negativo no mercado de trabalho, de acordo com Jismália de Oliveira Alves, diretora de Comunicação da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem). "Eles causam um impacto negativo em toda a economia", afirma. "Fazemos um trabalho de conscientização sobre a importância do trabalho temporário tanto para a empresa que contrata quanto para o trabalhador, que entra no mercado formal e pode adquirir uma experiência maior", explica.

Para o setor de trabalho formal, a Copa do Mundo também pode gerar um impacto positivo - e não apenas aumento na atuação de ambulantes irregulares. Segundo a Asserttem, o evento esportivo possibilitou que diversas vagas preenchidas na Páscoa e no Dia das Mães - duas datas de forte pico nas vendas do varejo - fossem mantidas.

De acordo com a entidade, para o Dia das Mães foram abertas 26 mil vagas temporárias, um avanço de 11% em relação ao ano passado. A proximidade entre a Páscoa e o Dia das Mães permitiu a manutenção de diversas vagas, com a contratação de 65 mil temporários para as duas datas. A associação não fez um levantamento referente à Copa do Mundo, mas os dados serviram para criar um clima de otimismo.

"Não temos números específicos de Copa do Mundo, mas grandes redes que trabalham com eletroeletrônicos e lojas de materiais esportivos podem estar contratando ou mantendo vagas de trabalhadores temporários por conta da Copa do Mundo. Isso sem contar bares, restaurantes, hotéis e fabricantes de brindes, que também têm aumento de demanda por causa da Copa", diz Jismália.

Postos do Centro de Apoio ao Trabalho (CAT) de São Paulo tinham cerca de 90 vagas abertas somente para lojas de materiais esportivos no início de maio. Na rede Centauro, por exemplo, até o fim de 2010, a estimativa é de que 1.200 profissionais sejam contratados para trabalhar nos escritórios, nos centros de distribuição e nas lojas do grupo em todo o país.

Leia outras notícias sobre copa do mundo
 


Acompanhe tudo sobre:América LatinaComércioCopa do MundoDados de BrasilEsportesFutebolInformalidadeVarejo

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022