Brasil

Van e projeto social dão liderança a Garotinho

A volta de programas estaduais de transferência de renda e a liberação de vans e Kombis são algumas das promessas que têm garantido a Garotinho a liderança

Anthony Garotinho durante visita a central do brasil, no Rio de Janeiro
 (Inácio Teixeira/Coperphoto/Divulgação)

Anthony Garotinho durante visita a central do brasil, no Rio de Janeiro (Inácio Teixeira/Coperphoto/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2014 às 09h30.

Rio de Janeiro - Aos 24 anos, grávida do terceiro filho e beneficiária do Bolsa Família, a desempregada Camila Silva de Carvalho saúda o candidato do PR ao governo do Rio, Anthony Garotinho, na favela Pavão-Pavãozinho (zona sul) na tarde de quarta-feira. "Estou com você, o cheque cidadão vai voltar", grita Camila. Garotinho agradece, cabos eleitorais distribuem panfletos e a equipe de TV capta imagens. Em seguida, o candidato encontra Aroldo Ferreira Carneiro, de 54 anos. "Conte comigo", diz o motorista da Kombi que liga o "asfalto" e o alto do morro.

A volta de programas estaduais de transferência de renda e a liberação de vans e Kombis, interesses diretos de Camila e Aroldo, são algumas das promessas que têm garantido a Garotinho a liderança na disputa. Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira passada, com 1.308 eleitores, registrou 28% para o candidato do PR.

Apesar da liderança, desde a semana passada Garotinho tenta conter o crescimento do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que chegou a 23% e está em segundo lugar. A capital, com quase 40% dos 12,1 milhões de eleitores do Estado, é a dor de cabeça de Garotinho: ele tem 16%, ante 28% de Pezão. Os dois trocaram acusações de ligação com milícias - Garotinho relativiza a atuação desses grupos nas vans.

Em três dias da semana passada, Garotinho foi a quatro favelas cariocas. Encontrou apoiadores, mas também enfrentou resistências. "Quero saber quem vai fazer alguma coisa pela educação", reclamou a cabeleireira Terezinha Pereira, de 56 anos, na favela Santa Marta, em Botafogo (zona sul), na quinta-feira.

Jararaca

Os eleitores do interior e os de baixa renda garantem o favoritismo de Garotinho, governador entre 1999 e abril de 2002, quando deixou o Palácio Guanabara para disputar a Presidência e ficou em terceiro lugar. Radialista, evangélico da Igreja Presbiteriana, ex-prefeito de Campos, no norte fluminense, Garotinho centra a campanha em ataques a Pezão e ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), a quem apelidou de "jararaca peçonhenta". O ex-governador acusa os antigos aliados de terem acabado com as principais realizações de sua gestão estadual.

Na contramão da promessa de Pezão de expandir o programa de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), carro-chefe da atual administração, Garotinho diz que manterá as existentes, sem prometer novas. No lugar, anuncia a criação de Batalhões de Defesa Social nas comunidades violentas. "Vou aumentar o policiamento ostensivo. Tirar policiais da rua para botar dentro da comunidade e deixar o povo desprotegido é marketing."

Cancelar a privatização do Maracanã e rever a concessão da RJ-116 também estão no pacote de promessas, além da construção de 40 novos restaurantes populares de almoço a R$ 1.

Rejeição. Para quebrar a resistência da classe média, Garotinho planeja um encontro com empresários, na zona sul. O ex-governador tem a maior rejeição, com 44%. É mais do dobro da rejeição do petista Lindbergh Farias (20%) e de Pezão (17%). Na capital, seis em dez eleitores se recusam a votar em Garotinho.

O 2.º turno também preocupa. Pesquisa Ibope divulgada na terça-feira mostrou Garotinho empatado com Pezão nesta etapa. O Datafolha aponta vitória de Pezão por 45% a 36%.

Com previsão de gastos de no máximo R$ 25 milhões e pouco mais de dois minutos na propaganda de TV, Garotinho se apresenta como o candidato que enfrenta os empresários de ônibus e os empreiteiros. Pezão estimou gasto máximo em R$ 85 milhões e tem nove minutos na TV. "É um milagre eu estar em primeiro lugar", brincou o ex-governador na quinta-feira, antes de participar de um programa na rádio evangélica El Shaday.

Os ouvintes pediram explicações para a condenação por formação de quadrilha, em 2010, pela Justiça Federal do Rio. No mesmo processo, o ex-chefe de Polícia Civil Álvaro Lins foi condenado a 28 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-governador teve a pena de 2 anos e meio convertida em prestação de serviços à comunidade. Ele e o Ministério Público recorreram da decisão.

Garotinho e a mulher, Rosinha, ex-governadora e atual prefeita de Campos, se livraram no Tribunal Superior Eleitoral da condenação, pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio, por abuso do poder econômico e uso indevido de meios de comunicação na eleição municipal de 2008. "Vocês conhecem alguém mais processado que Jesus, mais caluniado que Jesus? Vivo uma grande batalha espiritual", disse Garotinho na rádio.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasEleiçõesEleições 2014GovernadoresMetrópoles globaisPolítica no BrasilRio de Janeiro

Mais de Brasil

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final

Aliança Global contra a Fome tem adesão de 41 países, diz ministro de Desenvolvimento Social