Bandeira do PT: negociações de pagamento de propina eram feitas também na sede da Petrobras, diz delator (Divulgação/PT/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2014 às 06h20.
Brasília - O delator da Augusto Mendonça, executivo da Toyo Setal, afirmou à Polícia Federal que as negociações de pagamento de propina eram feitas também na sede da Petrobras.
Em depoimento prestado no dia 29 de outubro à PF, como parte do acordo de delação firmado pelo executivo com o Ministério Público, Mendonça diz que conversava por telefone com o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e com o ex-gerente de engenharia Pedro Barusco para marcar encontros.
À PF, o executivo disse que as reuniões eram realizadas na sede da estatal, onde trabalhavam Duque e Barusco, e em locais públicos, como restaurantes e cafés.
Entre os estabelecimentos citados estão o restaurante Gero, no Leblon, Alcaparra, no Flamengo, e EskCafé, no Centro.
Esses encontros eram promovidos para negociações dos valores a serem pagos e também para a realização de um cronograma e um acompanhamento da realização dos pagamentos de propina.
Mendonça contou ainda que o acompanhamento do pagamento das propinas era feito por uma espécie de "conta corrente", que listava o fluxo dos pagamentos, nome dos projetos, valor da propina acertada, pagamentos efetuados e o saldo de cada um.
Tais controles existiam também em papel, mas o documento foi destruído após a deflagração da Operação Lava Jato, em março deste ano.
Os codinomes "Tigrão", "Melancia" e "Eucalipto" voltaram a aparecer nas delações. Eles já haviam sido citados, mas ainda não foram identificados pela PF.
Segundo o delator, os codinomes são referentes a três homens que serviam de emissários de Duque e Barusco, responsáveis por retirar os pagamentos feitos por Mendonça.
O delator soube apenas descrever fisicamente dois dos emissários, dizendo que um deles era mulato, forte, com idade aproximada de 55 anos e com 1,85 m de altura. O outro, segundo o executivo, era baixo, de pele muito branca e com idade próxima a 60 anos.
No mesmo depoimento, Mendonça revelou que parte das propinas pagas no esquema de corrupção envolvendo a Petrobras era recebida como doação oficial para o PT.
Além disso, a propina vinha de remessas destinadas ao exterior, sendo uma das contas intitulada "Marinelo".
Parte da propina era paga também em dinheiro vivo. O PT e Duque, contudo, negam que tenham recebido propina de empreiteiras.
Lava Jato
O depoimento foi prestado após Camargo ter fechado em outubro um acordo de delação com o Ministério Público Federal no âmbito das investigações da Operação Lava Jato.
A própria Toyo Setal também firmou acordo de leniência com o MPF para contribuir com as investigações a fim de desmontar um esquema de corrupção envolvendo a Petrobras.