Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participa da aula inaugural do módulo de acolhimento e avaliação dos profissionais cubanos para a segunda etapa do Programa Mais Médicos (Marcello Casal/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 18h12.
Registro - Trinta e quatro cubanos foram enviados nesta sexta-feira, 13, pelo programa Mais Médicos, do governo federal, ao Vale do Ribeira, na região sul de São Paulo. Eles vão atender comunidades que raramente recebem a visita de um médico, como os bairros Areia Branca e Conchas, na cidade de Barra do Turvo.
O município de 7.727 habitantes, na divisa com o Paraná, tem o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado. De acordo com o prefeito Henrique Barbosa da Mota (PT) os bairros ficam a uma distância de até 70 km da área urbana, isolados por estradas que cortam áreas de preservação permanente, onde até a chegada da luz elétrica é complicada. "Imagine, então, um médico. Quando chega é um acontecimento", disse.
Os médicos, destinados a 17 municípios, foram recebidos com rojões e festa, em Registro, a principal cidade da região. Barra do Turvo foi contemplada com três profissionais, mais que o dobro do número atual - são apenas dois. O prefeito espera, com a chegada dos cubanos, começar a trabalhar a medicina preventiva no município.
"Até agora, por falta de médicos, a gente estava sempre correndo atrás do prejuízo. Os casos chegam à rede de saúde exigindo ação imediata." Embora o município ofereça salário compatível com o de outras cidades do Estado, os médicos não se interessam por causa do isolamento. "Nosso acesso é a BR-116, rodovia que eles acham perigosa, e a cidade não oferece muitos recursos. Teve caso de médico que foi contratado, mas não ficou."
A prefeitura de Juquiá enfrenta o mesmo problema, segundo o prefeito Mohsem Hojeije (PTB). "Pagamos até R$ 17 mil por mês, entre salário e benefícios, mas os médicos não ficam. Alegam que é longe e que a mulher reclama da falta de um shopping." A cidade recebeu dois cubanos para reforçar o Programa Saúde da Família (PSF) que dá assistência à população rural. "Temos um gasto de R$ 45 mil mensais por equipe, mas o reembolso que recebemos é de apenas R$ 8,5 mil", reclamou.
Os cubanos destacados para o Vale do Ribeira fazem parte do grupo de três mil estrangeiros que chegaram ao País em novembro para participar do programa. Eles participaram de treinamento na capital paulista e começam a trabalhar na segunda-feira. De acordo com o Ministério da Saúde, o Vale do Ribeira é considerado prioritário nesta fase do programa por ser área de grande vulnerabilidade social e com dificuldade para fixar médicos. Como algumas cidades já receberam médicos, o total de profissionais do Programa na região chega a 41.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, era esperado em Registro para a apresentação dos cubanos, mas não compareceu. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que levaria a comitiva do ministro, teve uma pane e não decolou do Aeroporto de Congonhas, na capital. Como a pista de pouso da cidade não comporta grandes aviões, a FAB não dispunha de outra aeronave para transportar a comitiva a tempo de participar da solenidade.