Renan Calheiros: o líder do PMDB do Senado destacou que "o governo é temporário", diferentemente da legenda, "que já prestou relevantes serviços para o País e vai continuar prestando" (Senado/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de abril de 2017 às 19h56.
Brasília - Líder do maior partido do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) declarou que, se continuar como está, "o governo vai cair para um lado e o PMDB para o outro".
Em conversa reservada com jornalistas, nesta terça-feira, 4, Renan destacou que "o governo é temporário", diferentemente da legenda, "que já prestou relevantes serviços para o País e vai continuar prestando".
"Com o governo do deputado cassado Eduardo Cunha eu já rompi, vou aguardar o próximo", ironizou.
Renan voltou a criticar as principais medidas econômicas defendidas pelo governo.
"O PMDB vai ter de patrocinar as reformas vindas do Planalto sem discutir? Se continuar assim, vai cair o governo para um lado e o PMDB para o outro. É uma questão política, não é pessoal", reforçou.
Renan considera que a votação da reforma da Previdência no Senado só deve ocorrer no segundo semestre.
"Se chegar", ponderou, considerando que a matéria não seja nem sequer aprovada na Câmara.
Apesar de ter subido o tom contra o governo nas últimas semanas, Renan disse que a temperatura está "normal". "É quente assim mesmo", brincou.
Ele afirmou que desde que o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) assumiu, no ano passado, deixou claro que "não dava para diminuir a inflação agravando a recessão" e que está apenas mantendo a sua coerência.
"Não se trata de quantos senadores estão com Renan, e sim quantos apoiam as divergências sobre as medidas do governo".
Ele voltou a comparar a atual gestão com o período em que a seleção brasileira era treinada por Dunga. "O Brasil está cobrando que o governo parece mal escalado.
O governo como está parece a seleção do Dunga.
Queremos a seleção do Tite para dar a escalação do País", comentou, referindo-se ao atual técnico. Renan avalia que "o governo está errando ao aumentar impostos e ao reonerar".
"Não precisa mudar o técnico, nem o time, apenas aproveitar melhor os que estão aí", continuou.
Na noite desta terça-feira, Renan organiza um jantar na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) com a bancada do PMDB em busca de apoio no embate que trava com o Palácio do Planalto contra a condução das reformas econômicas.
Segundo o peemedebista, o objetivo será "construir convergências" com os parlamentares.
"A senadora Kátia costuma servir aratu. Vai ser maravilhoso", disse o líder da bancada sobre o encontro.