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Vacina contra o HPV divide opiniões

A meta do governo é reduzir a incidência do câncer de colo de útero no país


	Vacina: para diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, pesquisas demonstram que imunização pode provocar alta de doenças autoimunes
 (GettyImages)

Vacina: para diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, pesquisas demonstram que imunização pode provocar alta de doenças autoimunes (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2014 às 16h49.

Brasília - A partir da próxima semana, a vacina contra o papiloma vírus humano (HPV) passa a integrar o calendário de vacinação e será ofertada pela rede pública a meninas com idade entre 11 a 13 anos.

A meta do governo é reduzir a incidência do câncer de colo de útero no país. Mas, para o diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), Daniel Knupp, a estratégia deve ser vista com ressalva e muita cautela.

Em entrevista à Agência Brasil, ele explicou que a inclusão da dose no calendário nacional preocupa em razão do debate científico sobre a eficácia e a segurança da vacina.

Segundo Knupp, diversas pesquisas demonstram, por exemplo, que a imunização pode provocar, entre outros efeitos colaterais, o aumento de doenças autoimunes como o diabetes tipo 1.

Outro problema, de acordo com o especialista, trata da realização do chamado rastreamento tradicional de câncer de colo de útero ou papanicolau.

Dados da SBMFC indicam que a cobertura do exame no Brasil está bem abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Menos de 50% das brasileiras com idade entre 25 e 69 anos faz o papanicolau pelo menos uma vez a cada três anos, quando a taxa ideal seria pelo menos 80%.

“A vacinação não substitui o rastreamento tradicional. Ela não elimina as lesões [que provocam o câncer], apenas diminui a incidência delas. Se a população for vacinada e deixar de fazer os exames preventivos, ela pode ter piores consequências do que se não tivesse se submetido à vacina”.

Por fim, Daniel abordou também o esquema de vacinação proposto pelo Ministério da Saúde, que consiste em três doses – a segunda seis meses após a primeira e a terceira, cinco anos depois. Segundo ele, o esquema tradicional adotado na maior parte dos países inclui a segunda dose dois meses após a primeira e a terceira, seis meses depois.


O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, explicou que o esquema de vacinação adotado pela pasta é recente mas já é utilizado em países como Canadá e Suíça.

Segundo ele, ficou comprovado que, com apenas duas doses, a menina já está protegida. A ideia de aplicar a terceira doses cinco anos depois consiste em prolongar o efeito protetivo da imunização.

“Vários estudos científicos demonstram que o uso da vacina reduz a prevalência do HPV mesmo entre os não vacinados. É o efeito rebanho ou de imunidade coletiva. Quando você vacina essas meninas, elas deixam de transmitir o vírus e você vai quebrando a cadeia de transmissão”, disse, ao destacar que, nos Estados Unidos, foi registrada uma queda da infecção por HPV entre meninos após a imunização de meninas.

Para Jarbas, a eficácia da vacina é indiscutível. Segundo ele, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se reuniu em junho do ano passado e revisou dados relativos à imunização contra o HPV. O relatório emitido pelo órgão garantia a segurança da imunização.

“Essa vacina vai ser uma ferramenta muito importante e a combinação [vacina e papanicolau] pode fazer a gente pensar, em uma ou duas décadas, no câncer de colo de útero cada vez mais raro. Mas, para chegar lá, vamos ter que vacinar muito e aumentar a adesão das mulheres ao papanicolau. Estamos diante de um cenário otimista como em poucas vezes a gente tem em relação ao câncer.”

Atualizado às 16h49.

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