Pandemia: os pesquisadores da Fiocruz recomendaram a manutenção do uso da proteção facial em alguns casos (Fabio Teixeira/Anadolu Agency/Getty Images)
Reuters
Publicado em 25 de março de 2022 às 14h51.
Última atualização em 25 de março de 2022 às 14h58.
Pela primeira vez desde que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) iniciou o monitoramento da ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) para covid-19 no Brasil, todas os estados estão fora da zona de alerta, com ocupação inferior a 60%, de acordo com boletim do Observatório Covid-19 divulgado nesta sexta-feira.
O monitoramento dos leitos de UTI para covid do Sistema Único de Saúde (SUS) foi iniciado pela Fiocruz em julho de 2020 e, desde então, em todas as semanas epidemiológicas ao menos um estado ou o Distrito Federal estava com nível de alerta no mínimo no patamar médio. Os dados divulgados pelo Observatório se referem às décima e 11ª semanas epidemiológicas deste ano, no período entre 6 e 19 de março.
"Os indicadores epidemiológicos e as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 vão sinalizando esperança sobre a aproximação do fim da pandemia, embora ainda seja necessário o princípio da precaução no sentido da prevenção e detecção rápida de quaisquer reveses ainda possíveis", afirmaram os pesquisadores da Fiocruz no boletim.
"O cenário atual é resultado do avanço na vacinação, com 82% da população com a primeira dose, 74% com o esquema de vacinação completo e 34% com a dose de reforço. Porém, este avanço precisa ser ampliado e acelerado para que se reflita em maior velocidade na queda das internações e óbitos", acrescentaram.
Segundo os dados coletados pela Fiocruz, Sergipe é o estado com maior taxa de ocupação de leitos de UTI para covid-19, com 59%. Na outra ponta, o Amazonas, um dos estados mais duramente afetados no momento mais crítico da pandemia no Brasil, tinha ocupação de 6%.
Os pesquisadores da Fiocruz disseram ainda que, no período pesquisado, foi mantida a tendência de queda nas taxas de mortalidade e incidência de covid-19 no Brasil, embora em uma velocidade menor.
"Essa redução pode apontar para um período de estabilidade da transmissão nas próximas semanas, com taxas ainda altas de incidência e mortalidade", disseram os pesquisadores.
"A ampliação da vacinação, atingindo regiões com baixa cobertura e doses de reforço em grupos populacionais mais vulneráveis, pode reduzir ainda mais os impactos da pandemia sobre a mortalidade e as internações."
Em um momento em que a maioria dos governo estaduais e municipais tem revogado a obrigatoriedade do uso de máscaras, incluindo em ambientes fechados, os pesquisadores da Fiocruz recomendaram a manutenção do uso da proteção facial em alguns casos.
"Os indicadores epidemiológicos, de ocupação de leitos de UTI Covid-19 e vacinação sinalizam para uma situação bastante promissora. Porém, tendo como base o princípio da precaução, no sentido da prevenção, o Observatório Covid-19 Fiocruz considera prudente a manutenção do uso de máscaras para determinados ambientes fechados, com grande concentração de pessoas [o que inclui os transportes coletivos], ou mesmo abertos em que há aglomerações."