Reitoria da USP: Unicamp e Unesp têm percentuais superiores de alunos negros e pardos em relação à Universidade de São Paulo (Divulgação/USP)
Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2012 às 09h26.
São Paulo - A USP terá de quintuplicar o número de alunos pretos, pardos e indígenas de escolas públicas até 2016 para cumprir o porcentual de 35% de suas vagas reservadas a esses cotistas. Hoje, a instituição tem apenas 7,3% com esse perfil, representado por 793 do total de 10.733 alunos.
Com porcentuais um pouco superiores, Unesp e Unicamp também deverão multiplicar seus números. Na primeira, o índice de negros é de 9,8% - o que corresponde a 697 dos 7.094 estudantes - e na instituição de Campinas ele fica ainda um pouco abaixo: apenas 8,5% das 3.554 vagas são ocupadas por negros que saíram de escolas públicas. Por lá, eles somam 305.
Ao se considerar apenas os cursos mais concorridos desses três vestibulares, o porcentual tende a cair ainda mais. Neste ano, a graduação em Medicina no câmpus de Botucatu da Unesp, por exemplo, não tem nenhum aluno de escola pública, branco ou preto, em suas 90 vagas. O mesmo acontece com a graduação em engenharia mecânica do câmpus de Guaratinguetá, que, dos 30 calouros de 2011, não tinha nenhum oriundo de escola pública.
Esses índices correspondem apenas aos negros oriundos de escolas públicas. Se forem considerados os que também saem dos colégios privados, o porcentual dobra.
Isso significa que, mesmo sendo exceção nas instituições, metade dos estudantes pretos, pardos e indígenas da USP, Unesp e Unicamp estudou em escolas particulares e, portanto, não estaria contemplada pela política de cotas anunciada nesta quinta-feira (20) pelo governador. Só na USP há 718 negros que são egressos de colégios privados. Na Unesp são 697 e, na Unicamp, 305.
A situação mais extrema está na Faculdade de Medicina de Marília (Famema). Lá, das 120 vagas, somente 11 são ocupadas por negros, nenhum deles egresso do ensino público.
O melhor cenário de equidade, por outro lado, está na Faculdade de Tecnologia (Fatec), cujos negros representam 23,7% do total de matriculados, sendo que 85,8% deles cursaram o ensino médio em escolas públicas. É a instituição que mais se aproxima do previsto pelo Pimesp.
De acordo com as regras anunciadas nesta quinta-feira pelo governo, metade das vagas do colégio comunitário serão destinadas para negros, pardos e indígenas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo