Brasil

USP Leste teria obtido licença ambiental sob pressão

Segundo relatório, o secretário Adjunto do Meio Ambiente, Rubens Rizek, teria feito pressão sobre a diretoria e técnicos da Cetesb para que a licença saísse


	USP Leste: a unidade não cumpriu exigências de controle e despoluição do solo
 (LottusF1/Wikimedia Commons)

USP Leste: a unidade não cumpriu exigências de controle e despoluição do solo (LottusF1/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2013 às 12h13.

São Paulo - A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) teria sofrido "pressão" da Secretaria Estadual do Meio Ambiente para expedir a Licença Ambiental de Operação do câmpus Leste da Universidade de São Paulo (USP). A informação está em documento da universidade, obtido pela reportagem. A Cetesb e a secretaria negam que houve ingerência política.

A USP Leste conseguiu a licença de operação em novembro do ano passado, após 8 anos de funcionamento. No período, ela chegou a ser autuada e multada por não cumprir as exigências ambientais. Neste mês, houve nova autuação pelo desrespeito ao definido na licença de operação. A colocação de placas de interdição, que indicavam riscos à saúde, desencadearam uma crise na unidade. Professores, funcionários e alunos entraram em greve.

O relato da "pressão" realizada sobre a Cetesb está em relatório da Superintendência do Espaço Física (SEF) da USP, datado de 4 de setembro. O documento traz um descritivo da situação ambiental da USP Leste e enumera ações a ser realizadas e proposições à Procuradoria Geral da universidade, para negociações com a Cetesb.

Segundo relatório da SEF, que é ligada à reitoria, o secretário Adjunto do Meio Ambiente, Rubens Rizek, teria feito pressão sobre a diretoria e técnicos da Cetesb para que a licença saísse. Na reunião estaria presente o reitor da USP, João Grandino Rodas.

"Convém ainda lembrar que a Licença Operacional só foi expedida após pressão superior do Secretário Adjunto do Meio Ambiente à Diretoria e técnicos da CETESB, em reunião que a USP esteve presente incluindo-se o Magnífico Reitor", cita o relatório.

"Na reunião com o Secretário Adjunto do Meio Ambiente foi explicitamente colocado que a USP e a CETESB são órgãos governamentais e devem seguir a política do Governo do Estado!".


No relatório, a SEF descreve a intransigência da Cetesb em relação a prazos para que a USP cumpra as exigências. Segundo o texto, a pressão pela licença "certamente contribuiu para que os técnicos complicassem ainda mais as exigências para com a USP."

Para a SEF, a companhia não estava sensível às dificuldades dos processos licitatórios para contratação dos serviços de controle de poluentes. Sobretudo para a análise e remoção da terra contaminada que fora despejada no câmpus em 2011.

A área ocupada pelo câmpus tinha solo poluído e a licença ambiental é uma exigência para o funcionamento. Em 2005, ano da inauguração, a USP Leste conseguiu a licença provisória porque assinou um Termo de Ajustamento de Conduta se comprometendo a fazer as intervenções pedidas. Entretanto, por não atender todas exigências, como a de extrair gases do solo, foi autuada e multada.

Tempo

Na nova autuação, a Cetesb deu o prazo de 60 dias realizar as medidas. O descumprimento pode resultar em multas e até no fechamento da unidade. Segundo a SEF, o escopo dos trabalhos a serem desenvolvidos "deverá ser consolidado em pelo menos um ano".

Em nota conjunta, a Cetesb e a Secretaria do Meio Ambiente do Estado confirmaram o encontro, mas negaram ingerência. "A Secretaria de Estado do Meio Ambiente não faz pressão para acelerar ou expedir licenças ambientais e a CETESB, por sua vez, não aceita qualquer tipo de ingerência política em assuntos de natureza técnica." Até as 20h30, a USP não havia respondido à reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Educação no BrasilEnsino superiorFaculdades e universidadesMeio ambienteUSP

Mais de Brasil

"Tem gente que fuma para descontrair", diz líder da bancada da bala sobre maconha

PF avalia abertura de investigação contra deputado que ameaçou Lula: 'Quero mais é que ele morra'

Comissão de Segurança do Senado aprova porte de arma para defesa pessoal de advogados

TCU analisa nesta quarta resultados preliminares de auditoria na Previ após déficit em 2024