Brasil

UPPs fazem tráfico de drogas migrar para Baixada Fluminense

De acordo com moradores da Baixada, muitos traficantes migraram das áreas pacificadas para as vizinhanças


	Policial do Bope segura arma durante a instalação de UPP em favela do Rio de Janeiro
 (Ricardo Moraes/Reuters)

Policial do Bope segura arma durante a instalação de UPP em favela do Rio de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2013 às 08h42.

São Paulo - Quando o relógio chega às 20 horas, moradores da Mangueirinha, complexo de favelas em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, sabem que precisam ter mais cuidado. A partir desse horário, traficantes armados começam as rondas - que vão até a madrugada - por ruas de acesso à comunidade.

A cena leva à Baixada o que se via em bairros do Rio, como o Complexo do Alemão e a Rocinha, antes da instalação, a partir de 2008, das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Nesta segunda-feira, 3, será inaugurada a mais nova UPP - Cerro Corá, no Cosme Velho. Ela deve expulsar mais bandidos e fechar um círculo de policiamento na zona sul, visando à visita do papa Francisco. De acordo com moradores da Baixada, muitos traficantes migraram das áreas pacificadas para as vizinhanças.

Estatísticas de março da Secretaria de Segurança Pública do Rio dão força à hipótese de mudança da criminalidade. Elas mostram queda nos principais indicadores de delitos na capital fluminense e aumento na Baixada em comparação com março de 2012.

De 23 tipos de crimes, 11 registraram diminuição na capital - só três subiram e os demais ficaram estáveis. Caíram homicídios (-11,3%), estupros (-38,2%), assaltos (-4,9%) e furtos (-8,7%). Já as 12 cidades da Baixada Fluminense registraram aumento de 14 indicadores e redução em apenas quatro. Houve avanço nos homicídios (23%), roubos (21,5%) e no total de ocorrências (5,3%).

"Não tem dúvida de que teve alguma migração", diz o prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso (PSB). "Antes, tinha bandido, mas não eram tantos. Agora, como as favelas atingidas no Rio pela UPP eram do Comando Vermelho e as daqui também são, os caras vieram para cá. Só que aqui a comunidade é muito mais pobre. Aí, eles saem para assaltar", completa X., um ativista da região que teme ser identificado e diz o que acha que aconteceu na Baixada.


Assaltos

Em Duque de Caxias, além de comunidades fechadas por traficantes, como a Mangueirinha e a Favela do Lixão, multiplicam-se as denúncias de assaltos. A Estrada Rio-Magé ganhou dos moradores o apelido de "point do arrastão".

Ali, o filho de um empresário, ao passar em um fim da tarde em seu Corolla com a mulher e o filho de 4 anos, foi cercado por seis homens, em dois veículos, com armas curtas. A mulher tentou correr e foi dominada. "Ô vagabunda, quer morrer?", perguntou um ladrão. As vítimas perderam o carro, dinheiro, pertences, mas não sofreram agressões físicas. Um Citroën que vinha atrás também foi levado.

"O governador (Sérgio Cabral Filho, do PMDB) e o secretário de Segurança (José Mariano Beltrame) são governador e secretário do município do Rio, trabalham muito bem da rodoviária para a zona sul", provoca o empresário Osmar de Paiva, ex-presidente do Conselho de Segurança de Duque de Caxias, reclamando dos roubos.

Sem indicadores

A Secretaria de Segurança não reconhece a transferência da criminalidade e informou, por meio de nota, que "não tem informações que comprovem a migração". Segundo o órgão, em 2012 foram verificadas fichas de mais de 600 presos em Niterói e só 34 eram de fora da cidade.

Outro exemplo citado foi a chacina da Chatuba, na Baixada. Todos os autores eram da comunidade. "Migração pode haver, sim, mas não temos indicadores de que ela seja em grande escala."

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasCrimecrime-no-brasilMetrópoles globaisRio de JaneiroTráfico de drogasUPP

Mais de Brasil

Ao vivo: Lula faz pronunciamento sobre balanço de 2024

Vai chover no Natal? Defesa Civil de SP cria alerta para o feriado; veja previsão

Acidente em MG: Motorista de carreta envolvida em tragédia se entrega após passar dois dias foragido

Quem é o pastor indígena que foi preso na fronteira com a Argentina