Cilindros de oxigênio são levados para o atendimento de pacientes em hospital de Manaus (Bruno Kelly/Reuters)
Bianca Alvarenga
Publicado em 20 de março de 2021 às 15h51.
A cidade de São Paulo registrou, pela primeira vez desde o início da pandemia do coronavírus, um problema no fornecimento de oxigênio para unidades de atendimento de saúde. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Ermelino Matarazzo, na Zona Leste da capital, precisou transferir 10 pacientes ainda na noite de sexta-feira, dia 19, pela falta de cilindros de oxigênio.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que sete pacientes foram enviados para o Hospital Municipal Professor Waldomiro de Paula, em Itaquera, e três para o Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Luiz Roberto Barradas Barata, em Heliópolis. Todos continuam em tratamento, de acordo com a pasta.
"A Organização Social Gestora da unidade alertou a empresa fornecedora, durante toda a sexta-feira (19), sobre o baixo nível de oxigênio na unidade. Lembramos que os tanques também são monitorados remotamente pela companhia fornecedora", informou a Secretaria.
A empresa fornecedora de oxigênio da UPA Ermelino Matarazzo é a White Martins. Em nota, a empresa negou que tenha deixado de fornecer o insumo para a unidade de atendimento.
"No dia 19 de março de 2021, a UPA consumiu todo o produto do tanque de oxigênio (suprimento primário) e o sistema iniciou automaticamente o uso da central reserva de cilindros (suprimento secundário). Esta central reserva (dotada de duas baterias independentes de cilindros) entrou em operação como estabelece a referida norma. Durante o uso do suprimento secundário, o suprimento primário (tanque) foi abastecido, não ocorrendo falta de produto", disse a White Martins.
A fornecedora disse que o consumo de oxigênio pela UPA aumentou 16 vezes, saindo de 89 metros cúbicos por dia em dezembro de 2020 para 1.453 metros cúbicos atualmente. O abastecimento, antes feito uma vez por semana, agora é realizado três vezes ao dia.
A prefeitura admitiu que há problemas para a distribuição do oxigênio hospitalar, mas disse que está se reunindo frequentemente com os fornecedores para garantir que a logística continue funcionando.
Já a White Martins alerta para o uso intensivo de oxigênio em unidades de atendimento básico, que podem não ter estrutura para administrar o insumo.
"Muitas unidades não possuem redes centralizadas com a dimensão adequada para expansão do consumo, agravando demasiadamente a condição de fornecimento de gás para suportar ventiladores, inaladores e outras práticas terapêuticas. Essas condições interferem na pressão necessária para alimentar os ventiladores utilizados em pacientes críticos, o que leva à percepção equivocada de que há falta de oxigênio", adverte a empresa.