São Paulo – A verba esgotou. Foi assim, sem meias palavras, que o ministro da
Educação, Renato Janine Ribeiro, anunciou na segunda que não há mais dinheiro para fechar novos contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). Até o último dia 30 de abril, foram fechados 252,4 mil novos contratos – quase metade do que foi firmado no mesmo período do ano passado, segundo informações do Ministério da Educação (
MEC). De acordo com o ministro, por ora, não há perspectiva de abertura de uma nova rodada de inscrições no segundo semestre. Apesar de ter sido uma das principais bandeiras da campanha eleitoral de Dilma em 2014, o FIES virou motivo de dor de cabeça para estudantes e empresários do setor da educação desde o início do ano. Segundo estimativa da consultoria Hoper Educação, 61 instituições correm risco de sobrevivência por conta do ajuste. Devido ao imbróglio, até ontem, empresas de educação - como Kroton, Estácio e Anima -
tinham perdido cerca de 10 bilhões de reais na Bolsa, segundo estimativa da Economática. Criado em 1999, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o FIES foi repaginado pelo governo Lula em 2010. Naquele momento, os juros foram cortados pela metade e o prazo para o pagamento da dívida, ampliado. Os efeitos não poderiam ser melhores. De 76 mil alunos inscritos em 2010, o programa contabilizou 1,9 milhão de contratos até dezembro de 2014.
No final do ano passado, o governo decidiu endurecer as regras para a concessão do benefício, como a exigência de nota mínima no Enem, prioridade para cursos com nota máxima no Sistema de Avaliação da Educação Superior (Sisu) e redução do número de repasses às instituições.