Maia: o presidente chamou o advogado de incompetente por criticar vazamento de áudio autorizado pelo Supremo
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2017 às 07h11.
Última atualização em 16 de outubro de 2017 às 09h56.
Começa quente a semana em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara vai discutir e votar o parecer sobre a denúncia contra o presidente da República, Michel Temer, e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).
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O relator, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) leu seu texto na última terça-feira e declarou-se favorável ao arquivamento da denúncia. Neste domingo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o advogado de Temer, Eduardo Carnelós, envolveram-se em um debate acalorado.
Maia chamou o advogado de incompetente por criticar vazamento de áudio autorizado pelo Supremo e mostrou-se magoado com a presidência após, segundo ele, ter trabalhado com afinco para enterrar a primeira denúncia.
O caso joga pimenta num processo cujo final todos sabem que levará à absolvição do presidente. Os trabalhos na CCJ serão retomados na terça-feira e a tendência é que haja uma longa discussão.
No debate, serão usados os mesmos procedimentos da primeira denúncia, com 15 minutos de fala para cada integrante da CCJ – são 66 titulares e 66 suplentes. Outros 20 deputados favoráveis e 20 contrários ao prosseguimento e não membros da comissão poderão fal 10 minutos cada. Ao final, cada advogado terá 20 minutos para o pronunciamento.
Membros do governo pretendem adiantar a votação, que está prevista para quinta-feira. Para isso, defendem que a maior parte dos deputados que se pronunciarão contra o prosseguimento da denúncia, tanto membros da CCJ como os 20 que não são integrantes, deixem de fazer seu discurso. Assim, a avaliação do parecer de Andrada poderia acontecer na quarta-feira.
De acordo com um levantamento do site Poder360, 27 dos 66 parlamentares ainda mantém segredo sobre seus votos. 23 se declaram favoráveis à ao prosseguimento da denúncia, enquanto 13 são contrários, dois se dizem indecisos e um declarou que vai se abster. Ainda assim, a tendência é que o presidente saia vencedor na votação, assim como aconteceu com a primeira denúncia.
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), um dos mais atuantes na oposição a Temer, disse ao jornal O Globo acreditar que o placar vai acabar em 37 a 27 a favor do presidente. Na primeira denúncia, após o governo forçar a uma troca de 17 parlamentares de partidos aliados na comissão, o placar ficou em 40 a 24.
Mesmo que a votação seja adiantada, parlamentares concordam que a Câmara terá sua pauta travada nas próximas duas semanas – nessa com a denúncia na CCJ e na próxima com ela indo ao plenário.
A votação no plenário está prevista para a terça, dia 24, e o governo deve conseguir barrar o prosseguimento da denúncia, mas com um placar menos favorável do que da última vez. Ainda mais se o advogado do presidente continuar jogando contra seu cliente.