São Paulo - Há duas formas possíveis de encarar a crise política e econômica que define hoje o Brasil. A primeira envolve o conceito de risco. A segunda, de oportunidade. Os convidados da edição 2015 do
EXAME Fórum, que aconteceu nesta segunda-feira em São Paulo, se dividiram entre essas duas visões. "Nem começou a ficar ruim. Vai ficar bem pior. Para onde vai, hoje não enxergo. Não consigo enxergar a porta de saída", afirmou Patrice Etlin, sócio do fundo Advent. Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, no entanto, a tendência é que o país saia melhor da crise. "Todas as experiências de avanço econômico no Brasil aconteceram quando a [situação] ficou tão ruim que empurrou a solução", afirma. O caso do Plano Real é o exemplo mais clássico. A questão é como o governo e a sociedade irão reagir a tais dificuldades. “Na crise há os que sentam e choram, mas há também os que vendem lenço", disse o empresário
Abilio Diniz. O ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, sinalizou que, para que o país volte a crescer, o governo precisa cortar gastos e criar mecanismos para elevar a receita - leia-se: criação ou aumento de impostos. "Sabemos o que precisa ser feito para chegar até lá [voltar a crescer]. Isso demanda um esforço de todo mundo", disse o ministro. Se isso não for feito, a “bicicleta também pode quebrar”, como pontuou o ministro do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes. O problema é que a criação de novos tributos - como a CPMF - pode acirrar ainda mais os ânimos da população. “Não se suporta mais um possível aumento de carga tributária", disse Michel Temer, vice-presidente da República. Mais do que nunca - e sobre isso os palestrantes foram unânimes - é preciso criar convergências na esfera política. “As pessoas têm que ter a grandiosidade de sentar e conversar", afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Segundo ele, "há hora para tudo": em alguns momentos, é preciso subir no palanque. Em outros, sentar e buscar soluções. Diante das revelações da Operação Lava Jato e da constatação de que o país vive um cenário de corrupção sistêmica, questiona-se até que ponto é possível fazer o Brasil voltar aos trilhos dos desenvolvimento. “É sempre mais escuro antes do amanhecer”, ponderou o juiz Sergio Moro, um dos responsáveis pelo julgamento dos crimes investigados na Lava Jato. Veja, nas imagens, um balanço do EXAME Fórum 2015.