Geraldo Alckmin e Michel Temer: governador paulista surpreendeu até mesmo aliados ao defender o voto pró-reforma (Marcos Corrêa/PR/Agência Brasil/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de dezembro de 2017 às 08h20.
Brasília - O presidente do PSDB e governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, já enfrenta resistências para cumprir seu primeiro desafio político à frente do partido e, assim, obrigar toda a bancada da Câmara a apoiar a reforma da Previdência, com discussão marcada para esta semana e votação prevista na próxima semana.
Parte dos deputados rejeita uma eventual imposição da Executiva nacional da legenda e qualquer possibilidade de punição caso votem contra as mudanças nas regras da aposentadoria. A direção tucana ainda não decidiu sobre o tema.
O governador paulista, pré-candidato à Presidência da República em 2018, surpreendeu até mesmo aliados ao defender essa proposta publicamente após a convenção na qual foi eleito, no sábado, 9, em Brasília.
Seu gesto, associado aos elogios à agenda de reformas e à política econômica do governo Michel Temer, foi bem recebido pelo Palácio do Planalto e pode abrir uma janela de negociação com o PMDB para a próxima eleição.
Segundo o primeiro-vice-presidente do PSDB, também eleito sábado, governador Marconi Perillo (GO), o governo vai precisar liberar recursos por meio de emendas aos parlamentares para conseguir aprovar a reforma.
Os líderes do PSDB terão dificuldades, porém, para unificar a bancada em torno do fechamento de questão - quando a bancada deve votar em bloco pelo apoio ou pela rejeição de uma proposta, sob risco de punição, desde a advertência até a expulsão. O Placar da Previdência, elaborado pelo Grupo Estado, mostra que dos 46 deputados federais do PSDB, apenas sete disseram que votarão a favor da reforma - 12 são contrários à proposta, 11 estão indecisos e 16 não quiseram responder.
"Fechar questão é uma medida extrema. Isso ainda não foi discutido", disse o deputado federal Ricardo Tripoli (SP), líder do PSDB na Câmara.
Em avaliações reservadas na legenda, tucanos afirmam que o fechamento de questão, caso seja aprovado pela Executiva nacional, terá apenas um valor simbólico, uma vez que não haveria punição para quem descumprisse a ordem partidária. "Se for para expulsar o deputado do partido, acho difícil fechar questão. Hoje não há consenso na bancada", afirmou o senador Tasso Jereissati (CE).
Com a determinação, porém, os deputados dizem que ganhariam o argumento em suas bases de que foram "obrigados" a seguir a orientação do PSDB. Alckmin já afirmou que pretende trabalhar para persuadir os parlamentares sobre a necessidade de aprovação da reforma.
"O que o governador Geraldo Alckmin disse é que o convencimento é a melhor maneira de conseguir votos. O fechamento de questão vai ser discutido pela bancada e pelo partido se o projeto for colocado em votação", disse o deputado Silvio Torres (SP), secretário-geral do PSDB.
Durante sua breve interinidade no comando do PSDB, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman tentou convocar a Executiva para discutir o fechamento de questão, mas não obteve êxito. A primeira reunião da nova Executiva tucana deve ocorrer nesta semana. Alckmin vai se encontrar antes com a bancada para discutir a reforma da Previdência.
A avaliação no entorno do governador paulista é de que, se ele conseguir fechar questão ou pelo menos ampliar a margem de votos favoráveis à reforma entre os deputados, seu nome será visto como líder desse processo, o que lhe colocaria em evidência como representante do centro político e ainda atrairia a confiança do mercado.
"Antes (da convenção) tudo se resumia a sair ou ficar no governo. Agora que saímos, a questão é saber se votaremos ou não a favor da reforma da Previdência", disse o ex-senador José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, braço teórico do PSDB. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.