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Tucanos estão mais alinhados em 2ª acusação contra Temer

Com quatro ministérios no governo, a bancada do PSDB na Câmara deve continuar dividida na votação, mas ninguém mais fala em desembarque da base

O presidente Michel Temer: ninguém mais fala em desembarque (Paulo Whitaker/Reuters)

O presidente Michel Temer: ninguém mais fala em desembarque (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de setembro de 2017 às 16h29.

Brasília e São Paulo - O movimento dos "cabeças pretas", grupo de deputados do PSDB que defende o rompimento do partido com o governo, perdeu força na bancada após a votação da primeira denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer na Câmara.

Em caráter reservado, deputados que votaram pela admissibilidade do processo em agosto dizem agora que a gravação que sugere que Joesley Batista omitiu informações no acordo de delação "esvaziou" a mobilização contra Temer e fortaleceu a ala governista do partido.

Com quatro ministérios no governo, a bancada do PSDB na Câmara deve continuar dividida na votação da nova denúncia contra Temer, mas ninguém mais fala em desembarque da base aliada. Dos 47 deputados do PSDB, 22 votaram pelo arquivamento da primeira denúncia, 21 pelo prosseguimento da acusação e quatro se ausentaram.

O racha foi tamanho que, mesmo após o deputado tucano Paulo Abi-Ackel (MG) ter elaborado parecer pró-Temer, o líder do partido na Casa, Ricardo Tripoli (PSDB-SP), orientou voto contra o peemedebista.

Voto liberado

Segundo o senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado do PSDB, o partido vai liberar a bancada para que cada deputado tome a decisão que quiser. "O que percebo dos deputados do PSDB com quem tenho conversado é que não haverá uma alteração importante no convencimento que tinham em relação à primeira denúncia. Tampouco o PSDB deverá impor qualquer posição para um lado ou outro, por não se tratar de uma questão programática", disse Aécio ao Estadão.

A votação da primeira denúncia expôs a divisão da sigla. Enquanto Aécio, ele mesmo atingido pela delação do empresário Joesley Batista, liderava o movimento para que o partido permanecesse no governo, o presidente em exercício da legenda, Tasso Jereissati (PSDB-CE) trabalhava pelo desembarque.

Contas

Atualmente, integrantes dos dois grupos dizem que as posições estão consolidadas, mas fazem avaliações diferentes do placar da nova votação. Quem votou contra Temer em agosto diz que esse número vai aumentar. Quem optou pelo arquivamento da denúncia também afirma que vai conseguir mais votos desta vez.

Para os governistas, o fato de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter revogado o acordo com os empresários do Grupo J&F, colocou a nova denúncia apresentada anteontem sob suspeita e deve favorecer Temer na Câmara.

Eles também apontam que, apesar da crise política, o partido acertou em apoiar a permanência do presidente porque a economia está melhorando.

"Todos nós defendemos um combate sem trégua à corrupção, mas o País precisa do mínimo de estabilidade para que esse sopro de recuperação econômica não seja jogado fora", afirmou o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG).

Para o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB, os deputados que declararem seu voto agora estarão sendo "levianos". "Todos aqueles que definirem posição agora estarão sendo irresponsáveis. É preciso ler antes o processo", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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