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Trem-bala pode esperar, diz especialista

Para Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral, o país poderia investir os recursos do trem-bala em outros projetos “que atendam o resto do Brasil”

Para especialista, seria possível melhorar seis aeroportos com os recursos do trem bala (Jonas Oliveira/Placar)

Para especialista, seria possível melhorar seis aeroportos com os recursos do trem bala (Jonas Oliveira/Placar)

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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2010 às 11h34.

Brasília - O adiamento do leilão do trem de alta velocidade do próximo dia 16 para 29 de abril do ano que vem teve como objetivo, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), aumentar a competitividade e trazer mais empresas para a disputa. Mas, para o especialista em planejamento de transportes e logística Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral (FDC), o governo deveria aproveitar o tempo do adiamento para repensar a ideia de construir o trem-bala.

De acordo com Resende, o valor estimado do trem de alta velocidade (R$ 33 bilhões), seria suficiente para pôr em prática projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que atenderia a mais brasileiros. Nas contas de Resende, com os R$ 33 bilhões previstos, seria possível aumentar a capacidade de seis grandes aeroportos do país (Congonhas e Cumbica, em São Paulo, Galeão e Santos Dumont, no Rio, Confins, em Belo Horizonte e o aeroporto de Brasília), além de melhorar os principais portos do países e concluir a ferrovia Oeste-Leste. “O trem-bala é muito localizado, o Brasil ainda tem muito dever de casa para fazer antes de instalá-lo”, ponderou.

“O Brasil tem mania de substituir uma coisa pela outra. É preciso analisar a malha aérea brasileira antes de construir um trem-bala para desafogar a ponte aérea [Rio-São Paulo]”, afirmou o diretor de desenvolvimento e pós-graduação da FDC. Segundo Resende, é importante pensar no projeto em longo prazo. “O retorno desse investimento só viria daqui a 12, até 15 anos. E para justificar o retorno, seria necessária uma ocupação de cinco vezes a ponte-aérea”, explicou. Outro problema, na opinião de Resende, é que os R$ 33 bilhões previstos como valor mínimo para realização do projeto não prevêem ligações entre os centros das cidades conectadas pelo trem - São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro.

Para o especialista, o atraso no leilão pode ser visto de forma ruim pelos investidores, mas “o país pode passar uma mensagem de maturidade se desistir do trem de alta velocidade e trouxer alternativas para que os investidores estrangeiros e brasileiros apostem em outros projetos prioritários”, afirmou.

O prazo final para entrega das propostas pelas empresas interessadas em implementar o trem de alta velocidade estava marcado para esta segunda-feira (29). No entanto, a ANTT estabeleceu uma nova data limite os grupos interessados em investir no trem: 11 de abril de 2011.
 

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