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Transporte da soja no Mato Grosso pode custar 30% de seu valor

Pesquisa, que analisou o impacto do transporte rodoviário no preço dos produtos, viu também que a soja paranaense é mais barata por causa do Porto de Paranaguá

Para analisar os fretes, pesquisadores consideraram 500 rotas rodoviárias do Brasil (Divulgação)

Para analisar os fretes, pesquisadores consideraram 500 rotas rodoviárias do Brasil (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2012 às 10h58.

São Paulo - O custo com o transporte da soja produzida no norte do Mato Grosso e enviada para o Porto de Santos pode atingir até 30% do preço do produto. Já a soja produzida no Paraná apresenta mais vantagens em relação ao preço pela proximidade com o Porto de Paranaguá. De acordo o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (ESALQ-Log), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, estes são apenas dois exemplos que mostram o impacto do transporte rodoviário no preço dos produtos.

O grupo vem realizando, em parceria com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), um estudo que visa identificar os fatores que levam a formação do preço dos fretes em todo o território nacional, contribuindo estrategicamente com o setor de transportes.

“Essas informações vão auxiliar o planejamento e a tomada de decisões sobre investimentos em infraestrutura logística levando em conta os impactos econômicos decorrentes dos preços dos fretes”, explica o pesquisador Thiago Guilherme Péra, um dos integrantes do ESALQ-Log e graduando em Engenharia Agronômica na Esalq.

A pesquisa tem a participação dos pesquisadores Priscilla Biancarelli Nunes (coordenadora do ESALQ-Log), do professor José Vicente Caixeta-Filho (diretor da Esalq e coordenador geral do ESALQ-Log), além de Augusto Hauber Gameiro (docente no campus de Pirassununga da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP).

Informe Sifreca

A coleta de dados foi realizada por meio do Informe Sifreca. Trata-se de um sistema de informações existente desde 1997 e realizado pelo ESALQ-Log que faz uma coleta semanal dos preços dos fretes praticados em todo o Brasil, obtido por meio do contato com transportadores e agentes embarcadores, e que envolve várias cargas principalmente alimentos e setor agrícola. Os pesquisadores analisaram os dados a partir de janeiro de 2006 e pretendem estender essa análise até agosto de 2012.


As informações coletadas e analisadas referem-se aos fretes praticados no transporte rodoviário de cargas agrícolas (etanol, farelo de soja, milho, soja, açúcar), combustíveis claros (diesel e gasolina), cargas de alto valor agregado (conteiners, automóveis, siderúrgicos), e outros produtos como cimento, fertilizantes e cargas secas (produtos não perecíveis e que podem ser transportados independentemente das condições climáticas, como roupas). Foram analisadas 500 rotas definidas em conjunto pela ANTT e pelo ESALQ-Log.

Os pesquisadores apontam que a pesquisa apresenta três propósitos. “O primeiro é mostrar a evolução mensal dos fretes nas 500 rotas indicadas. O outro é consolidar um banco de dados sobre fretes no Brasil; e, por fim, a concepção de um modelo econométrico de determinação do preço do frete”, aponta Thiago Péra.

Modelagem econométrica

Os pesquisadores fizeram análises entre as regiões do Brasil e entre os produtos e constaram que o valor do frete é distinto para produtos diferentes que utilizam a mesma rota, infraestrutura e tipo de transporte, como açúcar e soja, por exemplo. Eles verificaram ainda que a sazonalidade da oferta e da procura interfere no preço, assim como a demanda por determinados produtos, em certos períodos do ano e a cada mês.

Outro fatores que interferem no preço são o fato de o destino final ser um porto ou não, pois muitas vezes o caminhão pode ficar parado na fila esperando a vez de descarregar; as regiões de origem e destino; o número de pedágios; a conservação das vias; a concorrência entre produtos; entre outros. O estudo traz ainda indicadores de tarifas de pedágio, e o custo de transporte para todas as regiões.

De acordo com Thiago Péra, em agosto será iniciada a última etapa do projeto, com a finalização das modelagens econométricas. “A ANTT pretende disponibilizar o material por meio de sua assessoria técnica e também sob a forma de artigos em revistas científicas”, finaliza.

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