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Transpetro beneficiou Fortaleza, reduto de Machado

O ex-presidente da empresa liberou R$ 568 mil, em valores corrigidos pela inflação oficial, para projetos na capital cearense


	Construção de navio da Transpetro: Machado também patrocinou a cultura de três cidades administradas por políticos do PMDB e sem instalações da empresa
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Construção de navio da Transpetro: Machado também patrocinou a cultura de três cidades administradas por políticos do PMDB e sem instalações da empresa (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 08h07.

Rio - Reduto político de Sérgio Machado, que presidiu a Transpetro até a semana passada, Fortaleza foi o município que mais recebeu dinheiro de patrocínio cultural da subsidiária de transporte e logística da Petrobras no período de 2010 a 2014, depois de São Paulo e Rio. Citado na Operação Lava Jato, ele renunciou ao cargo após três períodos de licença.

Dados divulgados no site da empresa revelam que nos últimos cinco anos, o ex-deputado e ex-senador, eleito nos anos 1990 no Ceará pelo PSDB e desde 2001 filiado ao PMDB, liberou R$ 568 mil, em valores corrigidos pela inflação oficial, para projetos na capital cearense.

O valor supera o total gasto em São Sebastião (SP), principal polo de atuação da empresa. Lá foram gastos R$ 520 mil no mesmo período, em valores também atualizados.

Os valores estão no site da Transpetro e se referem ao período de 2010 a 2014. Não há dados relativos à fase anterior da gestão de Machado, iniciada em 2003, primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Fortaleza tem um único terminal de movimentação de petróleo e combustíveis, o de Mucuripe, focado no atendimento à Lubnor, refinaria de pequeno porte que fabrica asfalto e lubrificante.

Já pelo terminal de São Sebastião passa todo o petróleo nacional e importado processado nas quatro refinarias da Petrobrás instaladas em São Paulo, entre elas a maior do País, a Replan.

O critério da Transpetro para patrocinar projetos culturais é privilegiar os relacionados a seu negócio principal, o setor marítimo, e os locais onde atua.

Mas os valores destinados não são proporcionais à relevância dos municípios em termos de negócios. Além disso, há cidades beneficiadas sem instalações da empresa.

Natal

Em Fortaleza, a maior parte do dinheiro foi gasta em concertos de Natal. Em 2010 e 2011, o evento promovido pelo Instituto de Promoção da Nutrição e do Desenvolvimento Humano recebeu R$ 30 mil por ano (R$ 39,4 mil e R$ 36,4 mil em valores corrigidos, respectivamente). Em 2012, foram R$ 130 mil (R$ 150 mil atuais).

Além disso, a Transpetro pagou R$ 100 mil (ou R$ 115 mil hoje) à empresa carioca Bressane Conforti Produções, com o mesmo objetivo.

Segundo o site da Transpetro, esse contrato vigorou de dezembro de 2012 a dezembro de 2013. O objeto do patrocínio é um único dia de concerto, realizado em 9 de dezembro de 2012, na catedral metropolitana de Fortaleza.

Em 2011, a mesma produtora recebera R$ 120 mil (R$ 153 mil , corrigidos) para produzir peças teatrais educativas no Museu Naval do Rio, por um ano.

Além do Natal, a Transpetro investiu em Fortaleza R$ 50 mil (R$ 65 mil atuais) em um congresso de radiodifusão, em 2010; R$ 150 mil (R$ 185 mil) em seminário sobre administração pública, no ano seguinte; e R$ 80 mil (R$ 93 mil) em feira e seminário de meio ambiente e sustentabilidade em 2012.

Machado também patrocinou a cultura de três cidades administradas, na época dos contratos, por políticos do PMDB e sem instalações da Transpetro. Araçatuba (SP), Joinville (SC) e Porto Alegre (RS) foram beneficiadas com R$ 614,3 mil em preços corrigidos.

Em Joinville, o prefeito petista Carlito Merss foi substituído em 2012 pelo peemedebista Udo Dohler. Na gestão do PT, a feira do livro local recebeu da Transpetro R$ 20 mil (R$ 24 mil). Em 2013, já na prefeitura do PMDB, o evento passou a receber R$ 100 mil (R$ 112 mil).

A Transpetro investiu R$ 300 mil (R$ 391 mil) em Araçatuba. Nessa cidade, Machado e o prefeito Cido Sério (PMDB) foram denunciados pelo Ministério Público Federal, acusados de fraudar licitação para a construção de 20 comboios de transporte de etanol, no valor de R$ 423 milhões.

Procurada no domingo, 8, à tarde, a Transpetro informou que não haveria tempo útil para responder aos questionamentos da reportagem e que prestaria esclarecimentos sobre o caso hoje. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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