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Traficantes põem fuzil em estátua de Michael Jackson no Rio

A estátua está fixada no alto do morro, na laje onde o rei do pop gravou parte do clipe "They Don't Care About Us", em 1996

Michael Jackson: a escultura foi inaugurada um ano depois que o rei do pop morreu (Wagner Meier/Getty Images)

Michael Jackson: a escultura foi inaugurada um ano depois que o rei do pop morreu (Wagner Meier/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de agosto de 2017 às 16h23.

Rio de Janeiro - Inaugurada em 2010, a estátua em bronze do cantor Michael Jackson (1958-2009) instalada no Morro Dona Marta, em Botafogo, zona sul do Rio, recebeu um adorno pouco convencional: um fuzil, colocado pendurado em seu pescoço por traficantes da favela.

A estátua está fixada no alto do morro, na laje onde Michael gravou parte do clipe "They Don't Care About Us", em 1996.

O local é um ponto turístico do morro, procurado por visitantes, brasileiros e estrangeiros, depois que recebeu a primeira das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) da capital, em 2008. A escultura foi inaugurada um ano depois que o rei do pop morreu.

A Polícia Militar identificou suspeitos de terem colocado o fuzil na obra, mas não quando isso foi feito. O Setor de Inteligência da UPP informou que alguns deles estão com mandado de prisão em aberto, e que está sendo realizada uma ação para prendê-los.

Os criminosos, segundo a PM, fazem parte da quadrilha de Marco Pollo Lima dos Santos, o Mãozinha, que estava foragido e foi preso por integrantes da UPP no último dia 27 de julho.

"Cabe ressaltar que a foto possivelmente foi tirada no início da manhã, horário onde há maior movimento nas vielas, para evitar confronto com policiais da UPP", informou, em nota.

Desde que foi aberta, a UPP Dona Marta sempre foi considerada uma unidade modelo do sistema de aproximação da polícia e da população e de retirada de traficantes armados das ruas das comunidades. Mas a situação mudou, e os tiroteios e mortes voltaram.

Prestes a fazer uma década, as UPPs hoje somam 38. O modelo vive uma crise, decorrente da insuficiência de PMs para o patrulhamento e do rombo financeiro nas contas do Estado.

Essa falência das UPPs vem sendo evidenciada na volta dos embates entre policiais e traficantes e na falta de confiança dos moradores das favelas em relação aos policiais, acusados de abusos e de envolvimento em casos de corrupção.

Para especialistas na área de segurança, o ponto de inflexão foi julho de 2013, quando do assassinato do auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza.

Ele foi sequestrado, torturado e morto por PMs da UPP da Rocinha, favela onde morava. Doze PMs foram condenados pelos crimes de tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual.

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