Ex-presidente Lula recebe apoio da militância após denúncia da Lava Jato: estratégia dele é aglutinar partidários para eleição de 2018 (Fernando Donasci / Reuters)
Marcelo Ribeiro
Publicado em 15 de setembro de 2016 às 17h17.
Brasília – O tom emocional conferido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao seu pronunciamento para se defender das denúncias do Ministério Público Federal (MPF) não deve salvar o desempenho do Partido dos Trabalhadores nas eleições municipais em 2016. Nem mesmo o domínio da oratória do petista deve apagar o desgaste que abateu o partido nos últimos meses.
Consultados por EXAME.com, especialistas avaliaram que legenda dificilmente conseguirá ganhar fôlego para emplacar muitos candidatos na corrida municipal deste ano.
Na quarta-feira (15), o MPF acusou Lula de ser "comandante máximo" do esquema de corrupção da Lava Jato e de ter recebido R$ 3,7 milhões em propina da OAS no caso do tríplex em Guarujá (SP). Os crimes imputados a ele são corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro
“Lula tinha que reagir de maneira enfática às acusações do MPF. Isso não será suficiente para reverter prejuízos eleitorais para o PT já em 2016”, diz Marcelo Issa, cientista político da Pulso Público. Afinal, ele lembra, o desgaste da sigla não está restrito a escândalos envolvendo o ex-presidente.
No mesmo sentido, Cristiano Noronha, cientista político da Arko Advice, acredita que “é esperada uma redução muito grande das conquistas do partido nas eleições deste ano”.
Para os especialistas, o discurso de Lula – que se emocionou em mais de uma oportunidade ao longo da fala de mais de 1 hora – tem como principais focos atingir a militância e o opinião pública internacional. Para Issa, o ex-presidente deu sinais de que pretende reaglutinar a esquerda até a corrida presidencial de 2018.
Noronha classificou o tom emotivo adotado por Lula como “repetitivo, porém necessário”. De acordo com o cientista político da Arko Advice, a defesa técnica deve ficar restrita aos autos do processo. “Para convencer opinião pública, o tom emocional sempre convence”, diz.
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