Brasil

Todos violam a democracia, diz Santana sobre caixa 2 em campanhas

Santana reconheceu que se os marqueteiros não topassem o esquema de caixa 2, as campanhas seriam mais limpas, honestas e democráticas

João Santana: o marqueteiro foi responsável pelas campanhas do PT à Presidência da República em 2006, 2010 e 2014 (Rodolfo Buhrer/Reuters)

João Santana: o marqueteiro foi responsável pelas campanhas do PT à Presidência da República em 2006, 2010 e 2014 (Rodolfo Buhrer/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de maio de 2017 às 15h41.

Em depoimento ao Ministério Público Federal, o marqueteiro João Santana disse que todas as campanhas eleitorais feitas no País usam caixa 2 e "violam a democracia".

Os vídeos foram divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta sexta-feira, 12.

"As campanhas no Brasil são fortemente financiadas dessa forma: caixa 2. Não há uma só campanha no Brasil, vamos dizer, 99,9%, e não há um único marqueteiro, eu imagino, que não tenha sido obrigado ou que não recebeu. Não que isso nos isente", disse João Santana em sua delação premiada.

O marqueteiro foi responsável pelas campanhas do PT à Presidência da República em 2006, 2010 e 2014.

João Santana disse em depoimento que sempre pressionou para que o seu pagamento oficial fosse o mais próximo da realidade.

"Não pra dizer que eu ajudei a sanear esse mercado, mas a minha pressão pra ser o pagamento ser o mais próximo da realidade ajudou isso também", disse o marqueteiro.

Santana reconheceu que se os marqueteiros não topassem o esquema de caixa 2, as campanhas seriam mais limpas, honestas e democráticas.

Violação

Questionado se o caixa 2 não torna a competição mais desigual, principalmente quando se trata de uma campanha à reeleição, o marqueteiro respondeu: "torna desigual, mas todos violam a democracia. Pequenos e grandes, cada um da sua maneira. E se associam pra violar. É uma prática generalizada o caixa 2".

Nesta sexta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou os vídeos dos depoimentos do acordo de delação premiada de Santana e sua mulher, Mônica Moura, para a Lava Jato.

A delação foi homologada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte.

No acordo, o casal dá detalhes de como foi informado por Dilma sobre os avanços da operação.

Estes vídeos foram divulgados no canal do Estadão do Youtube.

Acompanhe tudo sobre:Delação premiadaJoão SantanaOperação Lava Jato

Mais de Brasil

'Ônibus elétrico custa uma fábula e não deveria pegar trânsito', diz representante das empresas

PGR defende que Collor vá para prisão domiciliar

Dino suspende pagamento de emendas parlamentares de saúde sem conta bancária específica

Oposição formaliza pedido de CPI do INSS com 184 assinaturas e aumenta pressão pela saída de Lupi