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Triplex do Guarujá era reservado para Lula, diz executivo da OAS

Moro questionou Gordilho sobre a maneira como ele soube que o tríplex estava reservado a Lula. "Isso todo mundo sabia na OAS", afirmou

Ex-presidente Lula: as acusações contra Lula são relativas ao suposto recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio do triplex no Guarujá (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Ex-presidente Lula: as acusações contra Lula são relativas ao suposto recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio do triplex no Guarujá (Patricia Monteiro/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de abril de 2017 às 21h28.

Última atualização em 26 de abril de 2017 às 21h55.

São Paulo e Curitiba - O executivo Paulo Gordilho, ex-diretor da OAS, afirmou nesta quarta-feira, 26, perante o juiz federal Sérgio Moro que "até final de 2013, se sabia que tinha esse apartamento reservado para o ex-presidente Lula".

Ele se referia ao triplex 164-A, no Edifício Solaris, no Guarujá, que a Operação Lava Jato atribui ao petista. Lula nega ser o dono do imóvel.

"Até final de 2013, se sabia que tinha esse apartamento reservado para o ex-presidente Lula. Mas nós não fizemos nenhuma customização em nenhum prédio do Solaris até 2013. Essas customizações começaram a existir já em outra área da empresa, que eu perdi a área de obras, não cuidava mais da área de obras, começou a existir a partir de 2014", afirmou, durante seu interrogatório.

"Ele era reservado, mas ele era tratado como um apartamento comum", seguiu Gordilho.

"Não tinha faz mais isso aqui ou aquilo ali naquele apartamento, não. Até 2013, ele foi tratado como um apartamento comum. Tanto que aparece uma foto de uma visita que foi feita por dr. Léo e o ex-presidente e outras pessoas, que eu não estava, isso em fevereiro, provavelmente, de 2014, onde se o sr. olhar o apartamento, o apartamento ainda está no concreto, ali. Está o prédio pronto, mas ele era entregue sem pavimentação."

Moro questionou Gordilho sobre a maneira como ele soube que o tríplex estava reservado a Lula. "Isso todo mundo sabia na OAS", afirmou.

"Na OAS Empreendimentos?", perguntou o juiz da Lava Jato. "É", respondeu o executivo.

Segundo Gordilho, durante uma reunião, em 2011, da qual estaria presente o executivo Fábio Yonamine, houve uma indicação sobre o triplex.

"Numa reunião de diretoria, em 2011, por aí, foi mostrado o apartamento. 'Este está reservado para o ex-presidente aqui'", relatou.

"Estava toda a diretoria da OAS Empreendimentos com a diretoria da Construtora." A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio - de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012.

As acusações contra Lula são relativas ao suposto recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio do triplex no Guarujá, no Solaris, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, de 2011 a 2016.

Paulo Gordilho afirmou que nunca esteve no Solaris com o ex-presidente Lula, apenas com a ex-primeira-dama Marisa Letícia (que morreu em fevereiro deste ano vítima de um AVC).

"Antes de 2013, eu tive umas quatro, cinco vezes, durante correio de obra, de 2011 a 2013. Fiz algumas visitas assim anuais ao prédio como um todo", contou. "Eu nem sabia que eles tinham cota dentro do edifício." "Na reunião foi dada alguma explicação por que estava reservado a ele?" "Não, não."

Defesa

O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente, divulgou a seguinte nota:

"A narrativa de Paulo Gordilho, ex-diretor técnico da OAS Empreendimentos, de que soube em 2011 que a unidade 164-A do Condomínio Solaris, no Guarujá, havia sido reservada para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou isolada e sem nenhuma evidência após ele reconhecer, em respostas a perguntas da defesa, que não tinha qualquer conhecimento ou atuação na área de vendas da empresa.

A declaração também destoa não apenas das 73 testemunhas que o antecederam nos depoimentos sobre o caso triplex - entre eles funcionários da companhia -, mas também do que afirmou Fábio Yonamine, ex-presidente da mesma OAS Empreendimentos. Gordilho e Yonamini foram ouvidos hoje em Curitiba e também são réus na ação penal.

Subordinado a Léo Pinheiro, Yonamine foi categórico ao dizer que a área financeira da OAS Empreendimentos não tinha conhecimento de reserva de qualquer unidade para o ex-presidente - que nunca nenhum pedido lhe foi feito por Pinheiro nesse sentido - e que a unidade 164-A sempre integrou o estoque da empresa, ou seja, era e continua sendo um ativo da OAS.

A mesma informação havia sido prestada em depoimento por Igor Pontes e Mariuza Marques, ambos também da OAS Empreendimentos. Pontes foi ouvido no processo como testemunha, com obrigação de dizer a verdade, e reforçou, em seu depoimento, que a reforma era 'para melhorar a unidade, já que era muito simples, com o intuito de facilitar o interesse de Lula pelo apartamento'.

O pedido de reforma do triplex foi feito a Yonamine por Pinheiro, que pediu igualmente que ele organizasse uma visita à unidade para Lula e d. Marisa Letícia, o que ocorreu em fevereiro de 2014.

Afirmou que essa visita foi uma apresentação do apartamento e das áreas comuns do prédio e que o ex-presidente e sua esposa não pediram nenhuma alteração no imóvel, mas fizeram apenas observações em relação ao local. Yonamine disse que a reforma feita pela OAS no imóvel de propriedade da empresa foi realizada com recursos próprios e lícitos, sem qualquer relação com a Petrobrás.

Quanto às melhorias feitas no sítio de Atibaia, de propriedade de Fernando Bittar, registra-se que o próprio Gordilho reconheceu ter estado com ele na propriedade e que era Bittar quem sempre tratou com a OAS sobre o imóvel."

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