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Testemunha contradiz consultores do cartel de trens

Funcionário da Siemens pôs em xeque a consultoria que a multinacional teria contratado de Arthur Teixeira, apontado como lobista das empresas de cartel


	Logo da Siemens: o funcionário afirmou estranhar nunca ter tido acesso a qualquer relatório feito no âmbito da consultoria de Teixeira
 (Sean Gallup/Getty Images)

Logo da Siemens: o funcionário afirmou estranhar nunca ter tido acesso a qualquer relatório feito no âmbito da consultoria de Teixeira (Sean Gallup/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2014 às 09h23.

São Paulo - O engenheiro eletricista Peter Andreas Gölitz, funcionário da Siemens e um dos seis executivos que denunciaram o cartel no sistema metroferroviário de São Paulo, pôs em xeque a consultoria que a multinacional teria contratado de Arthur Teixeira, apontado pelos investigadores como lobista das empresas do cartel e intermediário do suposto pagamento de propina a agentes públicos brasileiros.

Teixeira controla a Procint, empresa de consultoria. Ele afirma que jamais fez lobby, apenas prestou consultoria no setor metroferroviário. Mas, em depoimento ao Ministério Público sob a condição de sigilo, Gölitz, que trabalhou até 2011 como consultor de vendas na divisão de material rodante da multinacional, ligada à divisão de transportes, afirmou estranhar nunca ter tido acesso a qualquer relatório feito no âmbito da consultoria de Teixeira.

"O depoente não tomou conhecimento de nenhum relatório de serviço de consultoria prestado pelas referidas empresas de Teixeira. Também causou estranheza ao depoente o fato de que a consultoria deve envolver assuntos técnicos e o depoente, na condição de técnico, não se recorda de ter tido conhecimento de relatórios técnicos de consultoria destas empresas", anotaram os investigadores a respeito do depoimento prestado no ano passado.

Teixeira foi indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro, crime financeiro e quadrilha. Também foi indiciado por lavagem na Suíça. Gölitz, que em 2011 saiu da divisão de transportes e foi convidado para trabalhar no setor de compliance - área que disciplina os padrões internos de conduta - é o único dos seis executivos que assinaram o acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a permanecer na Siemens.


O engenheiro afirmou que lhe causaram estranheza informações constantes em uma nota fiscal emitida pela MGE Transportes para a Siemens - autoridades apontam que a MGE, subcontratada pela Siemens em projetos de metrô e trens, era outra rota da propina paga pela multinacional alemã a autoridades brasileiras.

Ao ser confrontado com as notas, cujo serviço descrito era de "treinamento, atualização contínua e despesas de administração", disse que as descrições "não parecem corretas", uma vez que o serviço para o qual a MGE havia sido subcontratada era o de "manutenção dos trens da série 3000 da CPTM".

O criminalista Eduardo Carnelós, que defende o consultor Arthur Teixeira, reagiu ao depoimento. "Me causa espécie que uma pessoa (Gölitz) que ocupou cargo tão elevado numa empresa multinacional demonstre desconhecer que a atividade de consultoria não se expressa necessariamente por meio de relatórios escritos."

Carnelós afirma que Teixeira "já explicou que, em muitas oportunidades, participou de reuniões para intermediar conflitos e que isso não era objeto de relatório". "Além disso, na Polícia Federal ele (Gölitz) foi taxativo ao declarar que o sr. Arthur não teve participação no suposto cartel."

A Siemens não comentou "por questões de confidencialidade". A MGE informou que soube "de uma investigação das autoridades governamentais do Brasil sobre a indústria ferroviária". "A investigação está em andamento, não temos comentários neste momento." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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