Manifestação contra impeachment no Largo da Batata, em São Paulo (Paulo Pinto/Agência PT/Fotos Públicas)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2015 às 22h40.
São Paulo - Terminou há pouco a manifestação de movimentos sociais em São Paulo.
Dezenas de milhares de manifestantes caminharam mais de cinco quilômetros, do Largo da Batata, na zona oeste, até a Avenida Paulista, na região central.
Os movimentos sociais, como MTST, sindicais, como CUT, CTB e Intersindical, e estudantis, como UNE e UBES, além de partidos como PT, PCO, PCdoB, PSOL e PDT, reuniram 40 mil pessoas, segundo a secretaria de Segurança Pública. Os organizadores falaram em mais de 60 mil.
A cifra ainda fica distante dos mais de 150 mil que participaram de atos na capital paulista no domingo, pedindo impeachment da presidente. Líderes do movimento de hoje disseram no entanto que a intenção não era competir.
"Não estamos fazendo comparação, estamos defendendo a democracia. O importante é que tem espaço para que a população vá às ruas fazer essa defesa", disse Rui Falcão, presidente nacional do PT, que esteve na abertura do ato na Capital.
O PT também minimizou as divergências em relação ao fato de movimentos sociais terem dado destaque a duras críticas ao ajuste fiscal promovido pelo governo Dilma e pelo ministro Joaquim Levy. Emídio de Souza, presidente estadual da legenda, destacou que o importante era o consenso em torno da defesa da democracia e entoou gritos de "não vai ter golpe" em cima do carro de som.
O movimento conviveu com a contradição de defender e atacar o governo ao mesmo tempo. Gritos de "ole olê olá, Dilma, Dilma" e de "não vai ter golpe" se alternaram com cantos de "Dilma que papelão, essa agenda é coisa de patrão"e "Fora já, fora daqui, Eduardo Cunha junto com o Levy".
Denunciado hoje pela Procuradoria-Geral da República por suspeita de corrupção na Petrobras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi um dos principais alvos dos protestos.
Ele é visto pelos movimentos como um dos patrocinadores de propostas conservadoras que podem fazer o País retroceder em direitos, como o projeto de regularizar a terceirização e de reduzir a maioridade penal. Cunha teve gritos de guerra dedicados exclusivamente a ele como "Cunha ladrão, seu lugar é na prisão".
Tucanos também foram lembrados. Geraldo Alckmin, governador do Estado, foi citado pela crise hídrica e com manifestações contra a PM, em virtude da chacina que deixou 18 mortos na grande São Paulo - uma das suspeitas é que os crimes tenham sido cometidas por policiais.
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), foi criticado por um dos principais organizadores do ato na capital paulista, o líder do MTST, Guilherme Boulos, que o chamou de "playboy de Ipanema que nunca fez nada pelo povo". Boulos também desferiu contra o ajuste fiscal que "tira direitos dos trabalhadores" e chamou Levy de "banqueiro prepotente".
Os manifestantes se dispersaram pela avenida Paulista. Segundo homens da PM, que acompanhou toda a manifestação com unidades móveis e tropa de choque, a manifestação foi pacífica e não houve registro de violência.