Protesto contra terceirização em frente ao Congresso Nacional, em Brasília (Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados/Fotos Públicas)
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2015 às 21h48.
São Paulo - O ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira classificou o projeto de terceirização da mão de obra brasileira como "um retrocesso social" e atribuiu o avanço do projeto a um "fracasso" do Partido dos Trabalhadores (PT) em promover um acordo social entre empresários e trabalhadores. "Como o governo não conseguiu segurar o câmbio em R$ 3,30, a ideia de acordo social perdeu força e os empresários industriais resolveram caminhar para o outro lado", afirmou.
Na avaliação dele, o projeto de terceirização é reflexo desse movimento no âmbito de uma luta de classes em que os empresários têm o objetivo de baixar os salários por meio de um processo de precarização das condições trabalhistas. "Vamos baixar os salários através de uma flexibilização das leis trabalhistas, que, somada a um ajuste fiscal muito forte, pode levar à depreciação interna", disse, fazendo uma observação de ser favorável ao ajuste fiscal.
Nessa lógica, explicou, em vez de depreciar o câmbio, os interesses dos empresários são alcançados às custas do aumento do desemprego. "É isso o que essa lei aponta. É o que eu chamo de mexicanização do Brasil", afirmou. Ministro da Fazenda no governo José Sarney, Bresser-Pereira argumentou que houve uma "redução brutal" dos salários reais dos mexicanos após o país celebrar um acordo comercial com os Estados Unidos.
Segundo o professor emérito da Fundação Getúlio Vargas, atualmente os salários no México são competitivos com os da China, onde a mão de obra é conhecida mundialmente pela baixa remuneração dos trabalhadores. "O que o Congresso parece estar querendo com essa lei é que o Brasil caminhe em direção ao México", afirmou.