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Terceira via? PSDB, DEM e MDB se aproximam por aliança em 2022

Lideranças do DEM e do PSDB estiveram no centro da articulação do manifesto em defesa da democracia que reuniu seis presidenciáveis nesta semana

Governador de São Paulo, João Doria (PSDB) (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

Governador de São Paulo, João Doria (PSDB) (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de abril de 2021 às 08h58.

Dois meses após a vitória de Arthur Lira (PP-AL) na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados, dirigentes do DEM, PSDB e MDB intensificaram as conversas sobre as eleições de 2022 e subiram o tom no discurso de oposição ao presidente Jair Bolsonaro. A relação entre os três partidos ficou abalada após a eleição para da Casa, quando Lira recebeu 302 votos e venceu Baleia Rossi (MDB-SP) no primeiro turno com apoio de deputados do DEM, que liberou a bancada, e do PSDB.

No momento em que Bolsonaro abre espaço para o Centrão, em busca apoio para tentar se reeleger, as três legendas pregam unidade no ano que vem em torno de um nome competitivo que possa quebrar a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Palácio do Planalto. O assunto foi tratado em um almoço na semana passada em Brasília que reuniu o presidente do PSDB, Bruno Araújo, do DEM, ACM Neto, e os líderes das duas bancadas, Rodrigo Castro (PSDB-MG) e Efraim Filho (DEM-PB).

Lideranças do DEM e do PSDB estiveram no centro da articulação do manifesto em defesa da democracia que reuniu seis presidenciáveis nesta semana. O movimento consolidou a percepção de que esse consórcio partidário deve estar afinado com as outras forças do chamado "polo democrático". Esse é o nome do grupo de WhatsApp que reúne os seis signatários do manifesto, além do ex-juiz Sérgio Moro.

"A união entre DEM, MDB e PSDB fortalece o campo democrático para as eleições de 2022 e une partidos cujas lideranças têm pensamentos muito próximos e relações profundas", disse o governador João Doria ao Estadão.

Por ora, ainda não há consenso em relação aos nomes que estão colocados à mesa: os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), do PSDB, o apresentador Luciano Huck, e os ex-ministros Sérgio Moro e Henrique Mandetta (DEM).

O DEM tem mantido conversas também com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), mas o nome dele sofre resistências entre os tucanos. Os demais signatários do texto, à exceção de Ciro, já mantinham conversas reservadas bilaterais sobre a necessidade de apoiar uma alternativa eleitoral para o ano que vem.

O manifesto marcou um pacto de não agressão entre os presidenciáveis, e é tratado como o embrião de uma possível aliança, embora eles reconheçam os obstáculos para confirmá-la.

"Os líderes na Câmara estão procurando conversar para atuarem juntos na agenda econômica no Congresso", disse Efraim Filho. Já Baleia Rossi, que é presidente do MDB, tem mantido conversas bilaterais sobre 2022 com ACM Neto, Mandetta, o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (DEM), o governador João Doria (PSDB) e os deputados Arnaldo Jardim (Cidadania) e Luciano Bivar presidente do PSL. "O MDB quer uma terceira via", disse Baleia Rossi.

A casa do governador João Doria em São Paulo tem sido um ponto de encontro de lideranças que tentam construir uma aliança para 2022. No último sábado, 27, o tucano ofereceu um jantar a Rodrigo Garcia e Rodrigo Maia, que está de saída do DEM e planeja filiar-se ao MDB. Antes disso, foi o presidente do DEM, ACM Neto, quem esteve na casa do tucano.

Nas duas ocasiões, Doria disse que é importante "proteger" o DEM. Dois temas são considerados delicados: a possível ida do vice-governador paulista para o PSDB, sigla pela qual disputaria a reeleição caso o tucano seja candidato à Presidência, e a ida de Maia para o MDB. Se concretizados, esses movimentos podem implodir o DEM em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Enquanto discutem cenários para 2022, PSDB, MDB e DEM estão alinhados nas críticas a Bolsonaro. Documento assinado pela executiva do MDB afirma que o governo "perdeu-se em falsos problemas", como questionar as vacinas produzidas pela China. O documento também diz que a gestão Bolsonaro demonstrou uma postura "míope" nas negociações com a farmacêutica Pfizer para a compra de imunizantes, e que autoridades deram um "mau exemplo" ao não usarem máscaras.

O PSDB também tem divulgado notas e postagens duras contra o governo. O partido destacou que Bolsonaro foi "punido por indisciplina na década de 80", ao comentar a troca de comando nas Forças Armadas.

O presidente do DEM, ACM Neto, passou a adotar um tom crítico a Bolsonaro. Em fevereiro, ele divulgou uma nota na qual considerou "lamentável" que seu aliado João Roma tenha aceito o convite para assumir o ministério da Cidadania. ACM Neto disse que o convite a Roma era uma tentativa do Palácio do Planalto de intimidá-lo. No entanto, foi de ACM Neto a decisão de liberar a bancada do DEM na Câmara para votar em Lira, o que levou à saída de Rodrigo Maia. O episódio pode ser um entrave para uma eventual aliança com o MDB de Baleia Rossi, derrotado na eleição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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