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Tensão sobe e ameaça pôr em risco apoio peemedebista

Entre os peemedebistas, há a sensação de que Dilma não está empenhada em negociar com o partido e resistirá à pressão do líder da bancada


	Dilma Rousseff: fonte do PMDB avalia que Cunha está jogando pesado com governo, articulando sua bancada para ganhar mais espaço com indicações políticas no Executivo
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma Rousseff: fonte do PMDB avalia que Cunha está jogando pesado com governo, articulando sua bancada para ganhar mais espaço com indicações políticas no Executivo (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2014 às 20h30.

Brasília - A tensão elevada entre petistas e peemedebistas pode estar colocando em risco a aliança entre PT e PMDB para o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff, admitiu à Reuters um influente peemedebista, após meses da desgastante negociação sobre a reforma ministerial e anos de uma relação conturbada do governo com seus aliados no Congresso.

Entre os peemedebistas, há a sensação de que Dilma não está empenhada em negociar com o partido e resistirá à pressão do líder da bancada do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que tem dito que a aliança com o PT precisa ser rediscutida.

A fonte do PMDB, que falou com a Reuters sob condição de anonimato, avalia que Cunha está jogando pesado com o governo, articulando sua bancada e as de outros partidos aliados, para ganhar mais espaço com indicações políticas no Executivo. Essa avaliação, porém, foi a mesma feita pelo presidente do PT, Rui Falcão, e que deu origem à mais nova polêmica envolvendo as duas maiores legendas do Congresso.

Alheia a esse quadro difícil com seu maior aliado, Dilma prevê retornar para a base de Aratu, na Bahia, para passar o final de semana com a família e só retomar as negociações da reforma ministerial na semana que vem. Ela passou o Carnaval lá e retomou a agenda em Brasília na quarta-feira, quando fez uma longa reunião com o ex-presidente Lula e integrantes da sua campanha à reeleição e analisou o quadro político.

Para esse peemedebista, será difícil evitar que uma reunião da bancada do partido na Câmara, agendada para a próxima terça-feira, leve a um rompimento dos deputados com o governo.

E também não será fácil evitar a antecipação de uma convenção nacional do partido, que normalmente ocorre em junho nos anos eleitorais, para abril e o primeiro item dessa reunião deve ser a manutenção ou não da aliança nacional com o PT.

"A reunião da bancada vai ser ruim. E a antecipação da convenção só serviria para romper com o governo", disse o influente peemedebista. Segundo ele, se isso ocorrer é o pior cenário para o PMDB, que não se preparou para um projeto alternativo ao de apoio a Dilma.

Talvez esse despreparo seja a aposta de Dilma, que segundo uma fonte do Palácio não tem demonstrado pânico com as ameaças do PMDB.


O presidente da legenda, senador Valdir Raupp (RO), tem telefonado para os presidentes estaduais do partido para reverter a ideia da convenção antecipada, mas reconhece que nem todos estão dispostos a mudar de ideia. É o caso dos diretórios da Bahia e do Rio de Janeiro, por exemplo.

Ele tinha expectativa de se reunir com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, nesta quinta para reduzir a tensão entre os dois aliados, mas o encontro não ocorreu.

Cunha x Falcão

Cunha, que á apontado pelo governo como o arquiteto do cenário de rompimento, disse à Reuters que fará um relato "das agressões" que sofreu do governo e de petistas e a "bancada é que decidirá que caminho vai tomar", negando que seu objetivo seja construir maioria no PMDB para romper com Dilma.

Ele nega também que esteja capitaneando o movimento para antecipar a convenção. "Isso não é coisa minha", disse. Mas ele foi o primeiro peemedebista a puxar esse debate ao dizer no Twitter nesta semana que a "aliança com o PT" precisava ser repensada porque "não somos respeitados pelo PT".

Apesar disso, Cunha disse à Reuters que "é fácil obter" maioria para convocar a convenção para abril.

Para o presidente do PT, suas diferenças com Cunha se resumem à questão política. Falcão diz que o partido aliado do governo, que tem o vice-presidente da República Michel Temer, não pode ter um líder "que se comporta como oposição".

"Inclusive organizando blocos de oposição", disse o petista à Reuters em referência ao blocão, que reúne partidos aliados descontentes com o tratamento dado pelo governo.

"Nós não fazemos ultimatos a aliados e não aceitamos que nos façam ultimatos", disse Falcão.

Apesar disso, ele acredita que a aliança com os peemedebistas não corre risco e é natural que dois partidos do tamanho de PT e PMDB tenham projetos próprios em alguns Estados. Mas ele argumenta que os petistas já decidiram pelo apoio a aliado em quatro estados (Sergipe, Alagoas, Pará e Amazonas). E alfineta os peemedebistas novamente.

"O que o PMDB precisa resolver é como vai fazer com dois Estados que não apoiam a aliança nacional, portanto não apoiam a Dilma e nem o Temer, que são Bahia e Pernambuco", disse Falcão.

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