José Gomes Temporão: o ex-ministro se disse contra as "políticas autoritárias" criadas "no afã de responder a pressão da opinião pública". (Antônio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2013 às 14h36.
São Paulo - O ex-ministro da Saúde do governo Lula José Gomes Temporão criticou a política do governo de São Paulo de implementar o programa de incentivo à internação compulsória de dependentes de crack. Após participar de um evento promovido pelo Instituto Lula na manhã desta segunda-feira, em São Paulo, Temporão disse que é preciso colocar a saúde pública em primeiro lugar nestes casos e, com esse tipo de internação, a ação estadual corre o risco de se transformar em uma política higienista. "Pode-se correr o risco de se caminhar nesse sentido (da política higienista) e que se esteja desrespeitando direitos individuais", comentou o ex-ministro.
No dia em que o governo de São Paulo iniciou o programa de incentivo à internação compulsória de dependentes químicos da cracolândia, o ex-ministro (que hoje atua como diretor executivo do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde) se disse contra as "políticas autoritárias" criadas "no afã de responder a pressão da opinião pública". "Talvez esteja faltando um pouco mais de diálogo entre os setores, onde as garantias dos direitos individuais sejam preservadas e a proteção e o cuidado se dê sem descambar para o autoritarismo e para a repressão, sem abrir mão do tratamento", afirmou Temporão.
O ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos do governo Lula Paulo Vannuchi também defendeu o diálogo e a ação conjunta entre os governos federal, estadual e municipal. Para o ex-ministro, não se pode pegar casos de dependentes em situação limite e os transformar em regra. "A estratégia da repressão está fracassada", avaliou Vannuchi.