Brasil

Temer vai ao Nordeste para apaziguar PSDB

A viagem de Temer é vista como um "simbolismo" para mostrar a boa relação com a legenda, embora a sigla tenha divergências internas

Planalto: quer pacificar a relação com o PSDB e garantir os votos que ainda têm do partido (Ueslei Marcelino/Reuters)

Planalto: quer pacificar a relação com o PSDB e garantir os votos que ainda têm do partido (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de julho de 2017 às 08h15.

Brasília - Apesar da pressão do chamado Centrão para ocupar ministérios do PSDB, o presidente Michel Temer decidiu "afagar" os tucanos e confirmou presença no lançamento do programa Cartão Reforma ao lado do ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), em Caruaru (PE). A viagem de Temer é vista como um "simbolismo" para mostrar a boa relação com a legenda, embora a sigla tenha divergências internas.

O gesto do Planalto tem por objetivo pacificar a relação com o PSDB e garantir os votos que ainda têm do partido, mesmo com as dissidências, para barrar no plenário a denúncia de corrupção passiva contra Temer.

Em caráter reservado, um membro da Executiva do PSDB contou que Temer já procurou os quatro ministros da sigla e garantiu que eles não perderão seus cargos. Segundo essa mesma fonte ouvida pela reportagem, Temer pediu, porém, engajamento no movimento para "virar" votos na bancada.

O Planalto está otimista em relação aos tucanos dos ministérios, que dizem acreditar que poderão conseguir mais votos contrários ao prosseguimento da denúncia do que está sendo anunciado.

Da semana passada para cá, Temer se reuniu com Araújo pelo menos três vezes. O ministro tem ajudado a contornar problemas em várias alas do partido, que defendem o desembarque do governo Temer.

Só entre as legendas que fecharam questão a favor do presidente - PP, PSD, PMDB, PRB e PR - o governo tem 207 votos. Para barrar a denúncia no plenário, Temer precisa de 172 votos. Hoje a conta está entre 250 e 260 parlamentares, podendo alcançar a marca de 330.

Com o Congresso em recesso a partir de hoje, Temer quer dedicar as duas próximas semanas a anúncios de medidas positivas e continuar mantendo negociações não só com os tucanos, mas também com parlamentares do DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), primeiro na linha sucessória da Presidência da República.

Desde o início da tramitação denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer por corrupção passiva, Maia tem se afastado do Planalto.

Agenda positiva

Além do Cartão Reforma, que deve atender ao menos 85 mil famílias com renda menor de R$ 2.811 neste ano, Temer busca outras medidas na área econômica.

Nesta segunda-feira, 17, Temer chamou os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e da Casa Civil, Eliseu Padilha, para discutir o Repetro, um sistema de incentivos para a área de petróleo. Na quinta-feira, antes de embarcar para a reunião do Mercosul, em Mendoza, na Argentina, Temer pretende se encontrar com sindicalistas para avançar nas negociações em torno da medida provisória que o governo prometeu editar para realizar ajustes no texto aprovado da reforma trabalhista.

Paralelamente a isso, o presidente Temer estuda também o anúncio R$ 3 bilhões para serem distribuídos a integrantes do cadastro único que desejarem se tornar empreendedores, desde que tivessem o apoio do Sebrae. O programa se chama Progredir. Esses recursos seriam microcréditos que poderiam beneficiar mais de um milhão de famílias e eles viriam dos 2% de recursos dos depósitos compulsórios que os bancos fazem no Banco Central.

A medida já teve aprovação do BC, de acordo com o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, que conversou ontem com Temer sobre o assunto. Terra disse que o presidente pediu que sejam adotadas medidas para ajudar o Rio, não só com propostas para a área de segurança, mas programas sociais que ajudem a dar suporte e atividades à juventude.

Acompanhe tudo sobre:Michel TemerPartidos políticosPSDBRegião Nordeste

Mais de Brasil

PF convoca Mauro Cid a prestar novo depoimento na terça-feira

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final