Michel Temer: o presidente quer a ajuda também dos governadores aliados (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de julho de 2017 às 20h45.
Última atualização em 26 de julho de 2017 às 20h47.
Brasília - Em mais um dia de negociações e busca de votos a favor da rejeição da denúncia do procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, o presidente Michel Temer recebeu mais dois deputados considerados indecisos, Sérgio Brito (PSD-BA), e Francisco Floriano (DEM-RJ), além do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, e o ex-governador de Sergipe Albano Franco.
O presidente quer a ajuda também dos governadores aliados para garantir presença em massa no dia 2 de agosto em plenário, votando pela derrubada da denúncia contra ele.
Nesta quarta-feira, 26, o governo comemorava a redução do número de parlamentares que não querem dizer como votam em plenário.
Na lista apresentada ao presidente Michel Temer, pelo deputado Beto Mansur (PRB-SP) o número de indecisos, que estava em 80, caiu para menos de 60.
Para uma nova checagem e reorganização na divisão de trabalho, uma reunião com os líderes do governo e alguns ministros políticos será realizada nesta quinta-feira, 27, em Brasília, a princípio, comandada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Os ministros, líderes e vice-líderes que estiverem em Brasília participarão do encontro que, ao final, poderá ser fechado com uma conversa com o Temer.
Além de cumprir sua agenda presidencial, Temer continua dedicado a dar telefonemas e receber em seu gabinete parlamentares que ainda dizem que não sabem como votar, assim como os que querem votar com o governo.
"Queremos presença grande no dia 2 de agosto para resolver esta questão", declarou Mansur, ao deixar o gabinete de Temer, onde se reuniu com os deputados que integram a tropa de choque em sua defesa.
Mansur informou que o cálculo, neste momento, é de que o presidente Temer tenha garantido ao seu favor por volta de 280 votos. Antes, esse número era de 261 votos.
Marun, por sua vez, disse que "tem convicção" de que a oposição não chega aos 200 votos.
Nos encontros desta quarta-feira, Temer insistiu que não só os deputados e ministros continuem fazendo trabalho de garimpagem de votos para derrubar a denúncia no plenário da Câmara, mas pediu ajuda aos governadores.
Temer, que se reuniu nesta quarta com Hartung e Albano Franco, pediu aos dois apoio no convencimento aos indecisos de seus Estados de que a denúncia é inepta, que ele não cometeu nenhum tipo de crime e que está trabalhando pela defesa de sua honra.
Temer tem insistido que é inocente, está pedindo para que todos leiam a sua defesa e que é importante que os parlamentares votem com bastante consciência, convencidos de que ele não cometeu nenhum crime.
Na avaliação dos os interlocutores do presidente, a não ser que haja algum "fato novo", o deputado que rejeitar a primeira denúncia também rejeitará as demais porque todos os fatos já são de conhecimento publico, e as razões de inconsistência das denúncias irão perdurar.
O governo, que é do PMDB, reconhece ainda que tem problemas no partido que precisam ser resolvidos. Mas estão trabalhando também com o Podemos.
O partido tem 15 deputados e sete deles estão se dizendo indecisos. Dos demais, cinco são a favor do encerramento da denúncia e três contra Temer.
No caso do PSDB, que tem quatro ministros e tem ameaçado romper com Temer, a avaliação é de que metade da bancada votará com o governo.
Nesta quarta-feira, Temer voltou a mostrar que agradará à bancada do Rio de Janeiro, repassando ao Estado os recursos necessários para a realização do Carnaval de 2018, cortado pelo prefeito Marcelo Crivela.
Hoje, o novo ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, anunciou, após reunião no Planalto, que será formado um grupo de trabalho para estudar a ajuda ao carnaval carioca - o Rio pediu R$ 13 milhões para a viabilização do evento.
O deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ), que também estava sendo tratado como indeciso e liderou o movimento de reivindicação das escolas, esteve ontem com Temer junto com a comissão das escolas de samba e seu voto já está sendo computado com certo, a favor da derrubada da denúncia contra o presidente.
Oficialmente, no entanto, o parlamentar diz que ainda está analisando o assunto.
De agora até a data da votação da denúncia em plenário, o presidente Michel Temer e seus ministros e líderes estarão trabalhando 24 horas por dia na busca de votos para o presidente e no quórum para realização da sessão, de preferência, no próprio dia 2 de agosto.
Para começar a semana, já há também uma reunião de balanço prevista para o domingo à noite.
Mesmo com a certeza dos votos, como diz o Planalto, a ideia do presidente é que os ministros-deputados sejam exonerados de seu cargos e retornem à Câmara para votar pelo arquivamento da denúncia.