Brasil

Temer sanciona reforma política e veta artigo sobre censura

Também foi retirado do texto o artigo que revogava a regra atual que permite o financiamento de até 100% das campanhas com recursos próprios

Temer: as mudanças nas regras eleitorais estarão em vigor na disputa do ano que vem (Valter Campanato/Agência Brasil)

Temer: as mudanças nas regras eleitorais estarão em vigor na disputa do ano que vem (Valter Campanato/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de outubro de 2017 às 22h20.

Brasília - O presidente Michel Temer sancionou nesta sexta-feira, 6, a reforma política aprovada pelo Congresso e vetou dois pontos da lei.

Foram retirados do texto o artigo que poderia levar à censura prévia nas redes sociais - que foi alvo de intensas críticas - e o que revogava a regra atual que permite o financiamento de até 100% das campanhas com recursos próprios, o que beneficia candidatos ricos.

Com a sanção, as mudanças nas regras eleitorais estarão em vigor na disputa do ano que vem. As principais delas são a criação de um fundo eleitoral com recursos públicos - de R$ 1,7 bilhão - para financiar as campanhas e a cláusula de desempenho, que limita o acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda na TV e no rádio.

Os vetos de Temer levaram em conta a repercussão negativa das medidas aprovadas pelo Congresso. Uma das emendas incluídas durante a votação do projeto na Câmara, na madrugada de quinta-feira, 5, autorizava a remoção de conteúdos da internet após uma denúncia de "discurso de ódio, disseminação de informações falsas ou ofensa em desfavor de partido, coligação, candidato ou de habilitado (à candidatura)". O texto não previa a necessidade de autorização judicial para a retirada de conteúdo, o que daria brecha para censura prévia.

A medida causou reação de diversas entidades. Em nota, Temer afirmou que o pedido para que o artigo fosse vetado partiu do próprio autor da emenda, deputado Áureo (SD-RJ), que ligou para o presidente hoje pela manhã.

Também em nota, Áureo disse que a sua "intenção foi de impedir que os ataques de perfis falsos de criminosos pudessem prejudicar o resultado das eleições". Ele também afirmou que não defende nenhum tipo de censura e que voltou atrás depois de ser "procurado por diversos cidadãos e instituições preocupados com o possível mau uso da proposta para suspender publicações legítimas".

Já no caso do autofinanciamento de campanhas, o veto de Temer corrigiu uma espécie de "barbeiragem" dos senadores ao aprovar o projeto. Embora a intenção dos parlamentares tenha sido liberar o candidato a patrocinar com recursos próprios o gasto total da campanha, eles acabaram impondo um teto a este tipo de doação.

Pelo texto enviado à sanção presidencial, candidatos estariam submetidos à regra geral para doação de pessoa física, ou seja, limitado a dez salários mínimos. Em 2018, este teto seria de R$ 9.690.

Temer, no entanto, vetou o artigo que limitava a doação de pessoas físicas aos dez salários mínimos, mantendo a redação da lei atual. Pela regra que valerá em 2018, candidatos poderão financiar 100% de suas campanhas e pessoas físicas terão o limite de doação de até 10% da sua renda bruta do ano anterior.

Acompanhe tudo sobre:CensuraGoverno TemerMichel TemerReforma política

Mais de Brasil

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final

Aliança Global contra a Fome tem adesão de 41 países, diz ministro de Desenvolvimento Social