Carlos Siqueira: "[Temer] confunde a presidência da República com a presidência do PMDB" (Arquivo PSB/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de julho de 2017 às 19h10.
Última atualização em 18 de julho de 2017 às 19h27.
São Paulo - O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse nesta terça-feira, 18, que, ao agir diretamente para atrair parlamentares pessebistas para seu partido, o presidente Michel Temer está confundindo a presidência da República com a do PMDB.
Segundo ele, Temer deveria se preocupar mais em governar o País do que se dedicar a questões partidárias visando "salvar a própria pele".
"O País está afogado em uma crise monumental que nós todos sabemos, de desemprego, recessão e de natureza ética sem precedente. E o presidente da República deveria estar envolvido na solução desses problemas em vez de se dedicar à solução de problemas partidários visando salvar a sua própria pele. Isso nos deixa triste porque, gostemos ou não, ele é o presidente da República, mas salvar a pele talvez seja o objetivo maior dele e não resolver os problemas do país", disse.
Nos últimos dias Temer entrou pessoalmente na articulação política para convencer deputados dissidentes pessebistas a migrarem para o PMDB.
É uma forma de impedir que eles sejam atraídos para o DEM, fortalecendo assim o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), seu eventual sucessor em caso de afastamento.
Nesta terça-feira, Temer esteve na casa da deputada Tereza Cristina (MS), líder do PSB na Câmara, para um café da manhã com outros quatro deputados do partido.
Para Siqueira, "surpreende" o fato de o presidente da República deixar seus afazeres para tratar de questões partidárias.
"Um presidente da República tratar de cooptação de deputado na casa de uma deputada não é propriamente uma agenda de presidente da República.
É uma agenda de chefe de partido. Se fosse o Romero Jucá (presidente nacional do PMDB) a gente até compreenderia", disse.
"Ele (Temer) não saiu da presidência do PMDB. Confunde a presidência da República com a presidência do PMDB", completou.
O presidente nacional do PSB disse que o partido já definiu seu posicionamento favorável ao afastamento de Temer e por eleições diretas.
A posição, segundo ele, foi decidida por unanimidade entre as principais lideranças do partido em 20 de maio, três dias após a divulgação dos áudios das conversas entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS.
"O PSB assinou pedido de impeachment ao lado de outros partidos. Foi uma decisão unânime e com quórum qualificado, na presença dos três governadores, do vice-governador de São Paulo, de deputados e senadores. A posição do partido está adotada e é favorável à denúncia. Não há dúvida em relação a isso ou necessidade de revisar essa posição", disse.
Ele afirma que a bancada do PSB, formada por 36 deputados, terá "ampla maioria" a favor da denúncia na votação em plenário, no próximo dia 2 de agosto.
E minimiza a existência de dissidentes no partido. Siqueira disse que falou com Tereza Cristina na semana passada e com outros deputados e nenhum deles falou em deixar o PSB.
"Esse assunto de ingressar ou sair do partido é pessoal e intransferível, mas ainda não me falaram nada. Alguns deputados que a imprensa diz que são dissidentes, aliás, nos dizem que podem mudar o voto", afirmou.
A reportagem tentou contato com a deputada Tereza Cristina mas ela não atendeu ao telefone.
Segundo Siqueira, o PSB não deve adotar qualquer punição ao parlamentar que votar a favor de Temer, contra o posicionamento do partido.
"A melhor punição que é o julgamento de seus próprios eleitores. Eles (deputados) têm que ser responsáveis pelos seus atos. Como diz o ditado, as consequências vêm sempre depois", disse.