Dilma Rousseff: estão querendo acabar com o modelo de partilha que vai garantir que a parte do leão desse petróleo não resulte em benefícios para toda a população, disse Dilma (Igo Estrela/ Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2016 às 17h38.
São Paulo - A presidente afastada Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira que o governo do presidente interino Michel Temer quer "privatizar" o pré-sal para destinar os recursos da exploração de petróleo a poucos grupos econômicos.
Em conversa com internautas no Facebook, Dilma criticou a tentativa de alterar o modelo de partilha vigente para a exploração do pré-sal e disse que a tentativa de estabelecer um teto para os gastos em educação representam "um retrocesso inaceitável".
"Estão querendo acabar com o modelo de partilha que vai garantir que a parte do leão desse petróleo --que nós sabemos onde está, conhecemos a qualidade, sabemos como extrair-- não resulte em benefícios para toda a população", disse Dilma na rede social.
"Querem privatizá-lo e privatizar, neste caso, significa destinar a poucos grupos econômicos a 'parte do leão'”, disparou.
A presidente e seu ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante responderam perguntas de internautas sobre a educação. Ambos criticaram duramente a intenção do governo Temer de estabelecer um teto para os gastos públicos, incluindo nas áreas de saúde e educação.
Dilma e Mercadante afirmaram que a restrição dos gastos em educação é "um retrocesso inaceitável" que coloca em risco programas como ProUni, Pronatec e Fies.
Na terça-feira, a equipe econômica do presidente interino anunciou medidas para reequilibrar as contas públicas, entre elas o estabelecimento de um teto para o crescimento dos gastos governamentais, incluindo nas áreas de saúde e educação. Essa matéria será alvo de proposta de emenda à Constituição (PEC) a ser enviada pelo governo ao Congresso.
Dilma foi afastada da Presidência no dia 12 de maio até que o Senado a julgue por suposto crime de responsabilidade. A presidente afastada é acusada de atrasar repasses do Tesouro ao Banco do Brasil por conta do Plano Safra, as chamadas pedaladas fiscais, e pela edição de decretos com créditos suplementares sem autorização do Congresso.
Para a defesa, as pedaladas não constituíram operação de crédito junto a instituições financeiras públicas, o que é vedado pela lei, e os decretos serviram apenas para remanejar recursos, sem implicar em alterações no volume de gastos. A petista afirma ser alvo de um "golpe".