O vice-presidente Michel Temer: ele ressaltou a segurança jurídica do país e que a situação política e institucional é "tranquila" (José Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2015 às 12h55.
Madri - O vice-presidente do Brasil, Michel Temer, defendeu nesta quinta-feira mais intercâmbios políticos e econômicos com a Espanha que se traduzam em visitas de líderes e um maior fluxo de investimentos.
Temer foi protagonista do Fórum de Líderes, organizado pela Agência EFE e pela empresa de consultoria KPMG, e patrocinado também por Siemens e Banco Sabadell, e do qual também participou o ministro de Relações Exteriores espanhol, José Manuel García-Margallo.
Durante seu discurso Temer destacou que no Brasil há "uma segurança absoluta" para os investidores estrangeiros, com a particularidade de que é um mercado de mais de 200 milhões de habitantes de grande interesse para todas as empresas interessadas em se implantar no país ou consolidar sua presença.
O Brasil tem grande necessidade de rodovias, estradas e linhas férreas e planeja construir até 270 aeroportos regionais.
Um desses projetos é a licitação da linha ferroviária de alta velocidade entre Rio de Janeiro e São Paulo, que o governo retomará após avaliar os resultados do plano de ajuste fiscal atualmente em vigor.
O Brasil decidiu adiar a licitação desse projeto em agosto de 2013, alguns dias antes de terminar o prazo para que os interessados apresentassem ofertas, e é um projeto que prevê um investimento de 13 bilhões de euros.
Temer ressaltou a segurança jurídica do país ("respeito absoluto aos contratos assinados") e que a situação política e institucional é "tranquila".
Assim o vice-presidente falou na quarta-feira a um grupo de empresários com os quais se reuniu em Madri no marco da visita oficial à Espanha, na qual também se encontrou com o rei Felipe VI e com o próprio García-Margallo, entre outras atividades.
O Brasil é o segundo destino mundial dos investimentos espanhóis (depois do Reino Unido) e ocupa esse mesmo posto em exportações e importações espanhóis na América Latina (atrás do México) mas, à parte desses intercâmbios, interessa também promover os contatos políticos.
Por isso Temer trouxe a Madri uma carta de convite oficial ao presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, para que visite o Brasil, enquanto sua própria estadia na Espanha nestes dias é "preliminar" a uma futura visita da presidente Dilma Roussef.
García-Margallo concordou em que as relações bilaterais são boas e destacou que o Brasil é um parceiro político relevante, assim como um mercado "extraordinário".
Os países ibéricos são "a ponta de lança" para a América Latina na Europa, disse García-Margallo, para quem seria importante fechar um acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).
Nessas relações os únicos pontos de divergência foram o apoio de Madri a um candidato espanhol e outro mexicano para a direção da FAO e da OMC contra os aspirantes brasileiros, que no final venceram.
Temer destacou que agora ambos os países trabalham conjuntamente nessas organizações.
Em matéria fiscal o vice-presidente disse que há opiniões de que os impostos no Brasil são altos, mas lembrou: "Estamos tentado controlar a inflação".
Temer foi perguntado expressamente pela Petrobras e reconheceu que foi "uma coisa extremamente preocupante para todo o Brasil, porque a Petrobras é um pouco símbolo da pujança do Brasil, especialmente com a exploração do pré-sal (...)".
"A Petrobras está sendo de uma transparência absoluta. (...) Isto vai recuperando aos olhos do Brasil e aos olhos do mundo a imagem da Petrobras", disse Temer, para quem, em algum momento, o país vai ser um dos maiores produtores do mundo.
Em relação à corrupção no país, Temer assegurou que "o problema não é saber se há ou não há", mas agir em consequência, e nesse sentido defendeu que as grandes investigações realizadas estão fazendo com que no Brasil se abandonem tentações de corromper o poder público.
Do Fórum de Líderes participaram representantes do âmbito empresarial, entre eles os presidentes da Tragsa, Miguel Giménez de Córdoba, e da Hispasat, Elena Pisonero.