Michel Temer: presidente interino vai à reunião do G20 na China e pretende discursar na Assembleia da ONU em Nova York (Reuters/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2016 às 10h03.
Brasília - Apesar de oficialmente ainda aguardar o fim do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff para "se apresentar" ao mundo, o presidente em exercício Michel Temer já trabalha com um calendário de viagens internacionais para tentar recuperar a imagem do País e atrair investimentos.
Também faz parte da estratégia tentar convencer as agências internacionais de classificação de risco de que, passado o impeachment, a estabilidade política no País retornará, na tentativa de recuperar notas perdidas na avaliação das agências de classificação de risco.
Além da viagem à China, há pelo menos outras cinco agendas sendo preparadas no Palácio do Planalto com o objetivo de retomar a confiança externa.
Dez dias depois de voltar do país asiático, Temer discursará na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Em outubro, planeja ir ao encontro dos Brics, na Índia, e à cúpula Iberoamericana, na Colômbia. Há visitas sendo organizadas para Argentina e Paraguai, sem data definida.
Temer deve fazer as viagens acompanhado de vários ministros, entre eles, o da Fazenda, Henrique Meirelles, a quem caberá a missão de convencer o mercado internacional e os investidores de que o País está comprometido com a agenda econômica de ajustes e reformas.
Interlocutores de Temer reconhecem que a investida é fundamental para que o governo efetivo possa contar com o apoio da classe empresarial, pois admitem que, se a economia não der sinais efetivos de melhora, a "trégua" dada até agora ao governo tende a acabar rapidamente.
Na semana passada, em evento no Rio de Janeiro, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, comparou o roteiro internacional de Temer ao trabalho de um caixeiro-viajante. "Temer vai levar uma mala de mascate para a China para mostrar que o Brasil é um mar de oportunidades."
O ministro destacou mudanças que começam a ser aprovadas no Congresso, como a lei das agências reguladoras, para defender a tese de que o País se tornará atrativo aos investidores estrangeiros.
"Necessitamos das parcerias para gerar empregos. Apostamos muito na viagem à China, aos EUA e à Índia, grandes mercados potenciais para o Brasil."
Antes do encontro do G-20, na China, Temer pretende participar de um seminário organizado pelo governo brasileiro. A data do encontro, que reunirá empresários e investidores, deve ser dia 2 ou 3 de setembro, a depender do fim do impeachment e do embarque de Temer à Ásia.
A ideia, com base no atual calendário do impeachment, é que ele viaje dia 31 de agosto. Além dos compromissos oficiais, o governo pretende marcar encontros bilaterais.