O vice-presidente da República, Michel Temer (Pool/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2016 às 14h05.
Brasília - Com mapa dos representantes do PMDB que têm poder de voto nas mãos, o vice-presidente da República, Michel Temer, iniciará no fim deste mês um giro pelo País na tentativa de consolidar apoio a sua recondução ao comando da legenda e de impedir as movimentações do grupo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Segundo apurou o Estado, o vice tem hoje o apoio de cerca de 60% do partido. Com o receio de ter a liderança partidária posta em xeque e diante da proximidade da Convenção Nacional da legenda, prevista para março, Temer montou um grupo específico para cuidar da sua campanha, que contará com a participação do presidente da Fundação Ulisses Guimarães, Moreira Franco, e do ex-ministro Eliseu Padilha.
O tour deve começar pela Região Sul, onde historicamente o vice detém maior número de apoio. A princípio, as viagens serão feitas com recursos da legenda. Segundo o secretário-geral do PMDB, deputado Mauro Lopes (MG), além das visitas às principais capitais do País, a campanha também deve contar com uma estrutura de call center para efetivar contatos com representantes do partido nas cidades em que Temer não puder visitar. De acordo com um aliado, Temer vai procurar delegados da sigla para saber o que eles acham da direção atual e até encomendou pesquisas.
A decisão de Temer pelo início da campanha ocorre de olho nas sinalizações de que o grupo liderado pelo senador Renan Calheiros lançará um candidato para disputar o comando da cúpula da legenda. Entre os nomes cotados está o do senador Romero Jucá (RR).
Rio
No tabuleiro da batalha interna, os dois lados disputarão os votos dos representantes do Rio de Janeiro, Estado que conta com o maior número de delegados na convenção. No cenário atual, Temer está em desvantagem na corrida pelos votos dos peemedebistas fluminenses. Lideranças do PMDB do Estado ressaltam que não ficou no esquecimento a manobra do vice, realizada no fim do ano passado, para tentar tirar o deputado Leonardo Picciani (RJ) da liderança da bancada da Câmara. Segundo integrantes da legenda, se houver disputa na convenção, o Rio irá apoiar o movimento liderado por Renan.
Com receio de haver um acirramento na disputa pelo comando do PMDB, Temer passou a adotar, nesta primeira semana do ano, um discurso de "unidade" e "harmonia". "Ele vai pregar a unidade partidária ressaltando que o PMDB é o maior partido do Brasil se estiver junto, se estiver desunido não vai ter peso para bancar a posição de ser uma alternativa ao PT e ao PSDB em 2018", afirmou o deputado Osmar Terra (PMDB-RS), aliado do vice.
A passagem de Temer pelos diretórios estaduais também servirá para ele ouvir a sigla a respeito de um possível desembarque do governo. "Ele não vai tocar no tema, mas é óbvio que essa questão vai entrar nas discussões, os companheiros vão se colocar", disse Darcísio Perondi (PMDB-RS).