Governo Temer: "Cidades e Saúde são ministérios grandes, com orçamentos altos e muitas secretarias importantes", disse a fonte (Alan Santos/PR/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 14 de novembro de 2017 às 19h33.
Brasília - Para conseguir acomodar todas as reivindicações da base aliada na reforma ministerial, o governo deve fatiar alguns ministérios grandes, como Cidades e Saúde, entregando o cargo de ministro para um partido, mas ceder secretarias e órgãos vinculados com bons orçamentos e boa visibilidade a outro, disse à Reuters uma fonte palaciana.
Até agora, o Planalto tem trabalhado com "porteira fechada", entregando os ministérios completos para apenas um partido, que poderia indicar todos os principais cargos. No entanto, a disputa por espaço deve aumentar ainda mais a poucas semanas de um ano eleitoral e o Planalto poderia acomodar mais aliados.
"Cidades e Saúde são ministérios grandes, com orçamentos altos e muitas secretarias importantes", disse a fonte. "Pode ter o ministro de um partido, a secretaria que cuida do Minha Casa, Minha Vida, a que trata do Metrô ou de saneamento com outro."
O presidente Michel Temer ainda planeja conversar com ministros candidatos, presidentes de partidos e líderes até o final da próxima semana, antes de fechar o troca-troca, mas a disputa nos bastidores está feroz.
De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, o PP quer o Ministério das Cidades, que o tucano Bruno Araújo acabou de vagar, enquanto o PMDB está de olho na Saúde, hoje nas mãos de Ricardo Barros, justamente do PP. No Planalto, a possibilidade de o PP ficar com dois ministérios como Cidades é Saúde é vista como ínfima.
Ao mesmo tempo, o PRB também disputa um pedacinho a mais do governo além do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Outro problema que Temer precisa resolver é a Secretaria de Governo, hoje nas mãos do tucano Antonio Imbassahy. A saída do ministro é uma exigência do centrão, que não vê mais condições de interlocução com o ministro.
"O problema é que ali precisa ser um político. Não dá para por um técnico para conversar com parlamentar, especialmente em ano eleitoral. E quem vai ser em um ano em que boa parte vai ser candidato?", ponderou uma das fontes.
Há uma pressão muito forte para que o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, acumule também a função de interlocução com o Congresso. O ministro não quer, mas, como não será candidato em 2018, pode acabar sem saída.