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Temer ordena "lei do silêncio" no governo após prisão de Cunha

No governo, há uma preocupação com os problemas que Cunha possa criar para Temer e seus ministros

Michel Temer: o próprio presidente determinou que membros do Planalto não comentassem prisão de Cunha (Ueslei Marcelino / Reuters)

Michel Temer: o próprio presidente determinou que membros do Planalto não comentassem prisão de Cunha (Ueslei Marcelino / Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de outubro de 2016 às 08h31.

Última atualização em 20 de outubro de 2016 às 08h33.

Brasília - O governo tenta evitar que a tensão provocada em Brasília afete o Palácio do Planalto depois da prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A blindagem ao Planalto foi determinada pelo próprio presidente Michel Temer, que deixou Tóquio na manhã de quarta-feira, 19, quando a ordem do juiz Sérgio Moro foi executada.

Apesar do pedido para que ninguém comentasse o episódio para evitar levar a crise para o governo, há uma preocupação com os problemas que Cunha possa criar para Temer e seus ministros, atrapalhando os planos de assegurar a aprovação da PEC do Teto, na semana que vem, e até a governabilidade.

Apesar de já esperar que a prisão de Cunha pudesse acontecer a qualquer momento, a notícia causou surpresa no governo e veio em um dia em que o Planalto acreditava que conseguiria uma agenda positiva com a primeira redução dos juros em quatro anos. O governo contava com isso para ajudar no "clima favorável" para o qual estava trabalhando, para contribuir na votação da PEC do Teto.

Cunha é considerado uma pessoa "vingativa" e já disse que "não vai cair sozinho". Com isso, auxiliares de Temer sabem que ele tem ligação com vários ministros peemedebistas e pode, em caso de fazer delação premiada, tentar arrastar para o buraco aliados do presidente.

A principal ameaça é ao secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco, a quem Cunha já acusou de estar por trás de irregularidades no Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), que é administrado pela Caixa e financia obras de infraestrutura.

A assessoria de Moreira diz que ele e Cunha são de grupos políticos diferentes e os dois "não conversam bem, não dialogam e não se dão". Afirmam ainda eventual delação do deputado cassado não preocupa Moreira. O secretário estava em Tóquio e embarcou para o Rio antes de a prisão ser noticiada.

Volta

Temer embarcou na manhã de quarta-feira, 19, para Brasília, antecipando sua volta do Japão. Apesar de a ordem ser evitar comentários sobre a prisão antes da chegada de Temer, o Planalto afirmou que a preocupação com uma possível delação "é zero". "Não há preocupação nenhuma", afirmou a Secretaria de Imprensa. "O governo tem reiterado que não há nenhuma interferência na Lava Jato e que as ações são de outro poder, que é completamente independente".

Sobre a antecipação da volta de Temer, a secretaria informou que a decisão foi tomada há pelo menos dois dias.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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