Temer: a denúncia será baseada principalmente no episódio com o empresário Joesley Batista (Fred Dufour/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2017 às 06h35.
Última atualização em 4 de setembro de 2017 às 07h02.
O presidente Michel Temer manteve sua agenda na China. O peemedebista permanece tem agenda até terça-feira, em reuniões bilaterais com chineses e países dos Brics. Cogitou-se, por algum tempo dentro da comitiva palaciana, um retorno antecipado para o Brasil.
Às Sete – um guia rápido para começar seu dia
Leia também estas outras notícias da seção Às Sete e comece o dia bem informado:
Espera-se que nesta semana ou na próxima, o procurador-geral da República apresente nova denúncia contra o presidente, desta vez por organização criminosa e obstrução de Justiça.
A denúncia será baseada principalmente no episódio com o empresário Joesley Batista, em que Temer ouviu que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o operador Lúcio Funaro, recebiam na cadeia pelo seu silêncio à respeito de esquemas de corrupção no partido, além de compra de um procurador e um juiz federal para aliviar investigações contra o grupo J&F.
Temer, segundo as autoridades, nada fez ao saber dos crimes. O tempero especial fica com a delação de Funaro, que está no Supremo Tribunal Federal, sob sigilo, e prestes a ser homologada.
Antes de viajar, Temer gravou um vídeo atacando Janot. “Sabemos que tem gente que quer parar o Brasil, e esse desejo não tem limites. Quer colocar obstáculos ao nosso trabalho, semear a desordem nas instituições, mas tenho força necessária para resistir”. Na China, o presidente soltou nota para desqualificar a delação de Lúcio Funaro.
“Diante da vontade inexorável de perseguir o presidente da República, Funaro transmutou-se em personagem confiável. Do vinagre, fez-se vinho”, diz nota de Temer.
“Se era capaz de ameaçar a vida de alguém para escapar da Justiça, não poderia ele mentir para ter sua pena reduzida? Isso seria, diante de sua ficha corrida, até um crime menor”, segue o texto.
Funaro foi acusado por Adriana Cleto, em depoimento à Justiça Federal, de ameaçar atear fogo na residência dela e de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa, com os filhos deles dentro.
Essa será a estratégia de Temer mais uma vez: dizer que é perseguido por Janot, que usa de “ilações” e delatores mentirosos para se dizer inocente. Deu certo uma vez.
Com a melhora dos indicadores econômicos, tende a funcionar mais uma vez. Daí a tranquilidade de manter a agenda chinesa mesmo com o aumento das tensões.