Brasília - Em mais uma rodada para tentar unir pelo menos parte da base aliada, inclusive na Câmara, o vice-presidente da República, Michel Temer, reuniu-se nesta terça-feira com deputados para buscar união em torno das votações.
"Todos os lideres da base demonstraram grandes preocupações sobre a discussão da pauta da Câmara. Todos têm o entendimento de que é preciso fazer esforço coletivo pra evitarmos votação de matérias que onerem, acarretem mais despesas", afirmou a jornalistas o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
Pela manhã, Temer se encontrou com deputados do PT, Pros, PMDB, PSD, PHS, PCdoB, PR e PP. Em seguida, Temer, que é o articulador político do governo, almoçou com os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, e lideranças da Câmara e do Senado.
O esforço do governo vem para brecar a pauta bomba proposta pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que declarou rompimento pessoal com o governo e vem travando verdadeira queda de braço com o Executivo, depois de ter sido citado na operação Lava Jato, que investiga esquema bilionário de corrupção na Petrobras e outras empresas.
Na véspera, o governo conseguiu amenizar um pouco o tenso clima político ao fechar a discussão sobre um pacote de medidas proposto pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Nesta terça-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a agenda de Renan coincide com as propostas do governo.
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1. Começa agosto, o mês do cachorro louco
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1/7 (REUTERS/Bruno Domingos/Files)
São Paulo – Agosto será um mês intenso para o governo
Dilma Rousseff. Os petistas já devem estar contando os dias para que a agenda se esvazie dos eventos que devem causar desconforto ao Planalto este mês. O primeiro deles já tem data marcada para o dia 6. Na primeira semana da volta do recesso do
Congresso, o presidente da
Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB), dará início à instalação da CPI do BNDES. A comissão vai investigar contratos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social com suspeitas de irregularidades na concessão de empréstimos de 2003 e 2015. Cunha, que retoma os trabalhos depois de romper com a base aliada do governo, também iniciará outras quatro CPIs. A mais incômoda ao Planalto é a que investigará os investimentos dos fundos de pensão das empresas estatais, como
Petrobras e
Correios. A relação entre a presidenta e Cunha promete ser conturbada, já que Dilma depende do deputado para acelerar a aprovação das medidas provisórias do ajuste fiscal. Também em agosto devem vir à tona as primeiras denúncias do braço político da
Operação Lava Jato. Se não foram novamente adiados, saem neste mês os inquéritos de parlamentares como o próprio Eduardo Cunha, o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB), a senadora Gleisi Hoffmann (PT), o ex-ministro Edison Lobão e mais de 20 outros políticos. A lista não para por aí. O Tribunal Superior Eleitoral investiga também neste mês a suposta presença de dinheiro ilícito na campanha da presidente Dilma. A suspeita ganhou força após a delação premiada de Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC, que afirma ter doado 7,5 milhões de reais por temer retaliações nas licitações de obras públicas, além de colocar dinheiro em caixa dois. O Planalto será investigado também em agosto pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Dilma é acusada de atrasar repasses aos bancos públicos para o pagamento de benefícios para manter as contas com menores déficits — as chamadas “pedaladas fiscais”. O TCU passará o pente fino nas contas do governo, buscando irregularidades. A Advocacia Geral da União entregou um documento de defesa com mais de mil páginas, mas já admitiu que as “pedaladas” ocorreram. Nesse clima de desconforto, Dilma ainda terá que lidar com as manifestações populares marcadas para o próximo dia 16. Pela primeira vez, os partidos de oposição farão chamamentos para o povo comparecer ao ato contra o governo da presidenta. Organizado pelos grupos Movimento Brasil Livre, Revoltados Online e Vem Pra Rua, a primeira edição contou com 220.000 participantes, segundo o Datafolha — para a Polícia Militar foram 1 milhão de manifestantes. Historicamente, agosto não é um mês fácil para o cenário político, assim como não será para Dilma Rousseff. Em entrevista à coluna Painel, da
Folha de S. Paulo, um dos ministros do governo declarou que era preciso “combater o mês do cachorro louco”. Ele fazia referência a agosto e seus eventos tenebrosos que rondaram governantes neste mês. Alguns deles estão listados na galeria acima.
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2. Suicídio de Getúlio Vargas
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2/7 (Banco de Imagens da Petrobras)
Depois de seu retorno após 15 anos no poder,
Getúlio Vargas sofria com pressões do Congresso para passar suas medidas populistas. A frente mais agressiva era de membros do partido UDN, liderados por Carlos Lacerda. O fato que gerou perda de controle do governo é o atentado que Lacerda e o marechal da Aeronáutica Rubens Vaz sofrem na Rua dos Toneleros, no Rio de Janeiro. O militar morre, mas Lacerda sofre apenas ferimentos. As investigações apontaram Gregório Fortunato, chefe da guarda presidencial, como autor do crime. O grupo de oposição ganha adeptos de políticos, setores empresariais e militares. Getúlio, que prometera não renunciar, acaba cometendo suicídio com um tiro no peito na madrugada do dia 24 de agosto de 1954.
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3. Renúncia de Jânio Quadros
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3/7 (Reprodução/YouTube)
Jânio Quadros assumiu como presidente do Brasil em janeiro de 1961. O símbolo de seu governo era uma vassoura para “varrer a bandalheira”. Durante seu governo, Quadros desagradou o Congresso e a oposição ao ensaiar uma aproximação com a União Soviética e China. O ponto mais crítico foi a condecoração de Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, título que homenageia pessoas notáveis nascidas fora do país. Carlos Lacerda, líder da UDN, comandou a pressão ao presidente, que renunciou apenas sete meses depois de assumir, em 25 de agosto de 1961. A ideia de Jânio Quadros era ser reconduzido ao poder pelas graças do povo, mas viu sua ideia afundar quando seu vice João Goulart foi conduzido ao poder.
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4. Morte de Juscelino Kubitschek
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4/7 (Reprodução/Memorial JK)
Presidente do Brasil de 1956 a 1961, Juscelino Kubitschek morreu em um acidente de carro em 22 de agosto de 1976. Faleceu também seu motorista, Geraldo Ribeiro. Seu veículo teria colidido com um caminhão após ser atingido por um ônibus em alta velocidade em viagem do Rio de Janeiro para São Paulo. Por muito tempo se acreditou que a morte de JK seria fruto de uma sabotagem de opositores políticos, pertencentes ao governo da ditadura militar. A Comissão Nacional da Verdade, porém, concluiu ano passado que sua morte foi mesmo causada por um acidente ocasional, sem envolvimento de ninguém em causa proposital.
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5. Manifestação para o impeachment de Fernando Collor
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5/7 (Antônio Ribeiro/Veja)
Agosto foi o mês que
Fernando Collor perdeu definitivamente o apoio popular em seu processo de impeachment. Depois da entrevista de seu irmão Pedro Collor à revista VEJA, denunciando um esquema de lavagem de dinheiro no exterior comandado por PC Farias, o Congresso Nacional criou uma CPI para investigar as denúncias. Foram descobertos empréstimos fraudulentos para financiar sua campanha de 1989 e contas operadas por Farias para financiar a reforma da Casa da Dinda, onde o presidente morava.
O famoso Fiat Elba foi comprado com esse dinheiro. O presidente pediu uma manifestação popular em sua defesa no dia 16 de agosto, em que todos fossem vestidos com as cores da bandeira nacional. A população foi às ruas vestida de preto. Lá surgiram os grupos de estudantes batizados de “caras pintadas". Uma semana depois, a CPI confirmou a transferência irregular de 6,5 milhões de dólares para financiar gastos do presidente. Em 29 de setembro, o impeachment foi aprovado e o vice Itamar Franco assumiu durante afastamento de Collor. Em dezembro, veio a sentença e impugnação do político por oito anos.
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6. Morte de Eduardo Campos
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6/7 (Divulgação/Arquivo PSB)
Governador de Pernambuco por dois mandatos,
Eduardo Campos saiu em 2014 como candidato do PSB à presidência do Brasil. Ao início da campanha, aparecia em pesquisas com menos de 10% das intenções de voto, atrás de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Seu desafio era aparecer e ser conhecido nacionalmente durante a campanha para conquistar votos. Logo após sua entrevista ao
Jornal Nacional, da Rede Globo, Eduardo Campos tinha uma viagem planejada para Santos para atender a mais compromissos de campanha. Na manhã do dia 13 de agosto de 2014, o avião em que ele e mais seis pessoas viajavam caiu numa área residencial da cidade do litoral paulista. A investigação determinou que o avião estava fora da rota por conta de más condições climáticas. A tragédia foi a grande marca da campanha de 2014, que reelegeu Dilma Rousseff como presidenta. Eduardo Campos morreu aos 49 anos. A chapa foi assumida por Marina Silva, que ficou em terceiro lugar na disputa.
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7. Conheça, agora, a frota que Collor declarou ao TSE
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7/7 (Orlando Brito/Arquivo/VEJA)