Denúncia: quando isso acontecer, deve iniciar-se o calvário de Temer para fazer com que a denúncia seja enterrada o mais rápido possível (Andressa Anholeta/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2017 às 06h11.
Última atualização em 26 de junho de 2017 às 07h54.
Ao que tudo indica, a semana que se inicia deve ser a mais difícil para o governo do presidente Michel Temer desde que as denúncias de executivos do Grupo J&F vieram à tona.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar a primeira de três denúncias contra o presidente no início da semana.
Quando isso acontecer, deve iniciar-se o calvário de Temer para fazer com que a denúncia, que só tem prosseguimento se for aceita por dois terços dos deputados, seja enterrada o mais rápido possível, evitando continuar o desgaste de sua imagem já combalida.
Muitas nuances, no entanto, podem atrapalhar o plano do presidente. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, ainda não decidiu se, por exemplo, deve abrir prazo para ouvir a defesa antes que a denúncia seja encaminhada para a Câmara, o que alongaria o prazo.
Na avaliação do governo, quanto mais tempo esse processo demorar, pior. Além disso, Janot deve fatiar em três denúncias o caso que envolve o presidente.
A primeira avaliação era que cada uma conteria um dos crimes pelos quais Temer é acusado: corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa, mas não há certeza se o formato será realmente esse.
A tática da PGR dificultaria ainda mais a vida do presidente, uma vez que, em tese, cada denúncia teria que ter um rito próprio dentro da Câmara, e seria responsável por uma votação diferente no plenário. Além disso, a oposição articula para tentar fazer com que cada discussão em torno da denúncia se alongue o máximo possível.
Em meio a essa turbulência, ainda existem as reformas. A da Previdência, que ainda tramita na Câmara, deve ficar travada enquanto as denúncias não forem apreciadas. Para tentar demonstrar algum tipo de articulação, o governo quer votar a toque de caixa a reforma trabalhista, que está no Senado.
Mesmo com a derrota sofrida na Comissão de Assuntos Sociais na semana passada, aliados pretendem votar a reforma na Comissão de Constituição e Justiça e no plenário da casa na quarta-feira. As denúncias, claro, podem bagunçar esse cenário. A semana não deve ser tranquila para o governo.
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