Assim como ocorreu com a primeira, que foi apreciada no início de agosto, a maior parte dos deputados deve permanecer fiel à base do governo
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2017 às 07h06.
Última atualização em 23 de outubro de 2017 às 07h34.
O presidente Michel Temer começa a semana como terminou a última: dedicado não a projetos de reconstrução do país, mas em se garantir na cadeira. Na noite de domingo, ele jantou com aliados no Palácio da Alvorada em negociações para obter pelo menos 263 votos na quarta-feira.
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É quando a segunda denúncia contra Temer – dessa vez por obstrução de Justiça e participação em organização criminosa, acusação que também pesa sobre os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil) – deve ser votada no plenário da Câmara dos Deputados.
Assim como ocorreu com a primeira, que foi apreciada no início de agosto, a maior parte dos deputados deve permanecer fiel à base do governo, não dando prosseguimento à tramitação do texto. Ainda assim, Temer articula para não sair ainda mais enfraquecido da votação.
De acordo com estimativas feitas por aliados, o presidente pode ter até 20 votos a menos nessa segunda denúncia do que teve na primeira, que foi barrada por 263 votos, dos 513 deputados – 171 são suficientes para impedir o prosseguimento.
Na Comissão de Constituição e Justiça, o placar foi de 39 a 26 a favor de Temer, enquanto havia sido de 41 a 24 em julho.
Os motivos da mudança de postura são variados e vão de promessas de entrega de cargos e emendas para a votação da primeira denúncia que não foram cumpridas até pressão dos eleitores.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, há também os descontentes com questões como a demora em liberação de licenças para operar rádios em alguns municípios.
Entre os partidos que podem entregar uma votação menor para o presidente estão o PSD, do ministro da Comunicações Gilberto Kassab, e o PR, do ex-deputado condenado no mensalão Valdemar Costa Neto. Para agradar Neto, que ainda é a principal liderança do partido, Temer prometeu não privatizar o aeroporto de Congonhas.
Outro foco de tensão para o Planalto é a piora considerável na relação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Com a quase certeza de que não teria problemas para barrar a segunda denúncia, o governo retirou Maia das articulações políticas, o que desagradou o deputado. Em evento no sábado, Temer tentou fazer sinalizar afagos ao dizer que Maia é um “colaborador extraordinário”.
Ainda resta dúvida sobre como o democrata vai agir após a votação – se seguirá um forte aliado ou vai dificultar as coisas. O próprio deputado já deixou claro que quer impor uma agenda própria para sua passagem pela presidência da Câmara. Tudo, claro, de olho em 2018.