Brasília - O presidente Michel Temer afirmou nesta sexta-feira que o governo será um cabo eleitoral "substancioso" na sua sucessão ao Palácio do Planalto e, mesmo instado em encontro com jornalistas, não quis se comprometer de antemão com a eventual candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao cargo.
Temer disse não acreditar que uma eventual candidatura de Meirelles possa atrapalhar a aprovação de reformas pelo Congresso Nacional, como as mudanças previdenciárias.
Na conversa com jornalistas, em tom descontraído, o presidente chegou a perguntar ao ministro da Fazenda, presente ao encontro, se ele era candidato. Meirelles esquivou-se novamente, dizendo que só vai decidir isso em março.
Novamente, o presidente repetiu que não é candidato à reeleição, mas sim a fazer um "bom governo". Ele avaliou que a disputa presidencial deverá contar com candidatos "mais extremados" e um nome de centro, que em sua opinião, poderá agradar às pessoas que querem resultados.
"Os que se extremarem, tenho a impressão de que terão dificuldades", disse. "Eu preferia que fosse alguém comprometido com essa política de resultados", completou.
Para Temer, o horário eleitoral de televisão -em uma disputa presidencial que não contará com o financiamento privado- será "importantíssimo" para os candidatos.
O presidente reconheceu que as denúncias de corrupção que envolveram-no prejudicaram "muito" o governo e contribuíram para a queda da sua popularidade. Mas fez questão de ressaltar que, ao longo do tempo, todos os detratores foram desmascarados. "Aqueles que nos acusam ou estão presos ou estão desmoralizados", disse.
O chefe do Executivo criticou indiretamente o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e os executivos da J&F, atribuindo a queda de sua boa avaliação à "irresponsabilidade" de setores da iniciativa privada e de uma figura do setor público.
Lula
Na entrevista, Temer também fez a avaliação de que, se o candidato à Presidência for contra a reforma da Previdência, não terá o apoio nem do governo, nem da população, e disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o único candidato até agora a se opor à reforma.
O presidente, contudo, evitou fazer previsões sobre o possibilidade de Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto para o pleito do ano que vem, ser candidato. O ex-presidente pode ser impedido de disputar a eleição caso seja condenado em segunda instância em um processo ligado à operação Lava Jato.
"Não me atreveria a dar uma solução jurisdicional", disse Temer, advogado constitucionalista, sobre Lula.