Michel Temer: "o caminho certo que estamos trilhando nem sempre é o mais popular. Nossa responsabilidade não é buscar aplausos imediatos" (Getty Images)
Reuters
Publicado em 16 de dezembro de 2016 às 14h18.
Brasília - O presidente Michel Temer afirmou nesta sexta-feira que o momento atual exige coragem para não ceder a soluções fáceis em busca de popularidade e que não há espaço na economia para "feitiçarias", como imprimir dinheiro, maquiar as contas públicas ou controlar preços.
Em um evento de final de ano com oficiais-generais das Forças Armadas, Temer aproveitou seu discurso para defender novamente as reformas que o governo propõe, como o teto para os gastos da União e as mudanças na Previdência, e também respondeu os resultados da pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta sexta-feira.
O levantamento mostra que apenas 13 por cento da população avalia o governo de Michel Temer como ótimo ou bom, uma variação negativa de um ponto em relação ao levantamento anterior, em junho. Mas o número de pessoas que avalia o governo como ruim ou péssimo subiu de 39 por cento para 46 por cento.
"O caminho certo que estamos trilhando nem sempre é o mais popular. Nossa responsabilidade não é buscar aplausos imediatos, nossa missão não é buscar aprovação a qualquer preço, mas desatar os nós que têm comprometido o crescimento econômico", disse o presidente, acrescentando que poderia ficar comodamente instalado nas mordomias da Presidência da República e não propor mudanças difíceis.
"Mas os tempos exigem coragem para não ceder a soluções fáceis, para mudar a fisionomia de um país", acrescentou.
Temer ainda aproveitou sua fala para fazer críticas ao governo anterior, ao afirmar que é preciso por ordem nas contas públicas.
"Não há mais espaço para feitiçarias: imprimir dinheiro, maquiar contas, controlar preços. Estamos tratando de resolver nossos problemas de frente. Se não o fizermos agora o Estado quebra. Se não promovermos as reformas, que são inadiáveis, ficaremos presos no atoleiro da irresponsabilidade fiscal", disse.
Em um evento que concentrou a nata das três Forças Armadas --cerimônia de cumprimento de Natal aos oficiais-generais--, Temer deixou claro que considera correta a decisão do governo de não incluir os militares na proposta de reforma da Previdência entregue ao Congresso na semana passada.
O presidente justificou sua decisão alegando que, mesmo a Constituição dizendo que todos são iguais perante a lei, há fatos que justificam a diferenciação e que o regime de trabalho dos militares seria um desses fatos.
"Com muito acerto mandamos a reforma previdenciária excluindo os militares", disse.
Para o presidente, só se mantém a democracia se há defesa adequada e só se faz defesa adequada com as Forças Armadas.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, usou também seu discurso para justificar o fato de os militares serem a única categoria federal que ficará de fora das novas normas previdenciárias.
"Não se trata de privilégio. Só se pode falar de privilégio quando os envolvidos estão em pé de igualdade. Os militares, por suas funções, os riscos, os compromissos e o regime de trabalho não podem ser comparados a outras categorias e funções", afirmou o ministro. "Militares não têm um sistema previdenciário, mas um sistema de proteção social".